o amanhecer bárbaro pós show da trupe
a quinta foi até 5h30. a sexta durou até 10h30 da manhã no sábado. o sábado começou 17h00 e terminou na padaria, 8h30 da manhã. eu não sei o que se passou comigo, mas acho que tem a ver com o texto abaixo. alguma coisa acontece no meu coração, no meu corpo, na minha rotina, na minha desordem que me parece cada vez mais ordenada. estou feliz. me sinto contente, completamente contente, completamente. tantas coisas pra ver, tantas coisas pra realizar. e eu me sinto com força pro que tiver que vir. gosto das minhas companhias, gosto das minhas escolhas. feliz com o meu amor. ainda não feliz comigo, mas esperançosa. muito, muito esperançosa com essa vida louca e sábia. tempo rei, ó tempo rei. um beijo na mamãe ontem, um beijo caprichado, rápido e cheio de amor. pra minha mama, mãe coragem.

para ver melhor a lua, para a rua poder entrar

para quem curte o sol, para quem quer se soltar


para que as plantas todas aos poucos possam se aproximar


as fotos são da Julia, a letra é da Trupe Chá de Boldo, a casa é do amor, os amigos do peito e a manhã é do mundo. manhã do dia 08 de maio de 2010, manhã de Sol para quem quebrou as paredes.




Rapte-me adapte-me capte-me It's up to me coração


eu não sei ainda o que tá acontecendo comigo mas alguma coisa tá.



tá que tá. e é coisa boa. tô sentindo no fundo da minha caixa interna onde mora a intuição feminina.chega de tempos de fazeção. fazer isso, fazer aquilo, estudar ali, curso acolá. fazer por fazer, ir por ir, viver por viver. não senhora.



agora eu sou outra e não preciso mais ocupar o meu tempo porque o tempo me machuca. agora não. agora quero fazer o que realmente importa. eu ainda não sei. mas vou dar espaço tempo carinho para isso.



no silêncio por algum tempo pra coisa brotar e florir. espalhar. feito erva daninha. é isso. quero algo feito erva daninha, que me contamine por inteira, como veneno doce de escorpião. daí eu espalharei pelo mundo esse veneno todo feito vampira, pelo pescoço, de um por um, sem volta. e novos vampiros surgirão. será um enxame de vampiros loucos e sedentos por aí. de mel, sangue, arte, amor e violência.




sim, temos violência também. aos desavisados, cuidado. é mais ou menos isso.

eu sonhei com um avião vermelho

uma passagem. troca de moedas. um rombo na poupança. negociação no trabalho. xaveco na chefa. de olho no xerife da alfândega. mala vazia. amor na mala? horas e horas de vôo e alguns dramins no drink. estrangeiros, mil estrangeiros. estátua da liberdade. liberdade. pássaros, vento, táxis amarelos, gente, pessoas, multidão, estilos, mendigos, buzinas, fumaça, maravilhas, avista um mc donald's e se sente em casa. casacos, bicicletas, meias coloridas, japa, negro, branco, rap, executivo, gordos, gordos, gente elegante, gente maluca. quero ser um deles. já sou.

entro no táxi amarelo, calada. mostro o mapa. o táxi segue. volume máximo no ipod que toca caetano "mamãe mamãe, não chore a vida é assim mesmo eu quero mesmo é isto aqui". MOMA. multidão, fila do lado de fora. fera do lado de dentro. ela. marina. cheguei ao meu destino. aqui. uma mesa, duas cadeiras. uma dela, outra vazia. a minha espera. é aqui que eu quero sentar. ficar. permanecer. ser. fundir.



e eu nem olhava para trás


marina, eu também quero chorar






tropeça, cai, sacode a poeira e vai, vai,vai.


sexta 30 abril

ontem no show da nouvelle vague cantamos juntos, sorrindo:



será que uma coisa tão boa simplesmente pode não funcionar mais?

quinta 29 abril


serei livre, não como um pássaro, mas uma mulher que voa entre objetos de arte e amores carnais




eu vou cortar esse narizinho e expor na parede - ele disse olhando nos meus olhos no café do unibanco




uma pausa de mil compassos



para ver as meninas



e nada mais nos braços


entre a escassez e o excesso. excesso. excesso. excesso, então... a escassez. escassez interminável. tem dias que eu reclamo da escassez dessa vontade, mas hoje foi justamente o excesso dela que me invadiu o sono e me fez abrir os olhos arregalados no quarto escuro. respiro. veio que veio. desmedida. descontrolada. teimosa. selvagem. feito furacão. a vontade é. um mistério. que coisa. de onde vem? pra onde vai depois? por que permanece quando deveria partir? por que parte quando deveria ficar? vem dos lugares mais loucos, dos cheiros, dos olhares. desconhecidos. conhecidos até demais. vem do copo, vem do gole. vem do prato, vem da fome. vem da gargalhada, vem da ironia. vem em susto, vem surpresa. vem gato mia. vem do amigo e do inimigo. vem do sim e vem do não. vem e vai, vai e vem. fica, fica. me tira o sono. me acende a luz. me dá de mamar. me coloca na cama de volta. me usa. eu deixo. apaga a luz escassez. me deixa a sós com meu excesso.




o encontro é também despedida.a volta. o lugar conhecido. o aconchego. o que é nosso. volver. a casa. o quentinho. o nosso lugar na maioria do tempo. o dia a dia, o cotidiano, a rotina, o que não é novo, mas a gente reiventa quando pode. o de perto, bem perto, aquele que a gente conhece os defeitos, mas também é aquele que nos ama com todos os nossos. de cabelo feio, de espinha na cara, mais gorda, mais magra. doente. chata. insegura. então chega a hora de voltar. ser. ser o que a gente é no quarto escuro. pra sair nunca tem hora. pra voltar sempre é tempo. a gente sabe onde é o ponto fraco, onde a gente desanima, o que nos faz mal. a gente sabe, sempre soube e mesmo assim continua a insistir. a gente acredita. voltar. voltar esquisita. voltar uma outra. voltar uma nova cheia de novidade na bagagem. quero voltar a ser aquela que fui lá. voltei a ser a que fez as malas antes de ir. voltar, sair, voltar. o trem que chega é o mesmo trem da partida. será? o encontro. o encontro ideal, o encontro real. o amor é cheio de destempero. as vezes azeda pra mais tarde acertar o ponto. 29 abril, quinta 08h48




uma pausa para buenos Buenos Aires

salir, salir. volver será outra história...até, 22 abril segunda 10h50





segredo sempre tá na testa



tá na cara, só não vê quem não quer



nove horas. olhos abertos. nove horas. meu horário. nove horas. nove dias. nove meses. nasceu. chora. não entende esse mundo. não entende de onde veio e pra onde vai. sente dor. sente amor. sente raiva. sente inveja. nove horas. acordo. nove horas. sozinha. nove dias de performance. nove meses de vida. nove anos de adelita. nove noites de amor que não acontecem. nove sonhos pela metade. meia dúzia de noves. meia nove. nove e meio. nova. é urgente uma nova de mim. uma nova e tanto. uma nove-la emocionante. uma no iva. uma nove lle vague. nó. nove horas e dezoito minutos da segunda feira dezenove de abril


para os pássaros voltarem a cantar



saudade na presença. às vezes a presença é pouco, e o que eu quero acho que nem tem nome. porém, eu aceito e me rendo aos pés desse mistério de amor.








me queimo, ardo
me inflamo quando me atiro vivo em tuas veias
,

seivas, suores, teu corpo um rio de fogo

em que me afogo sem pedir socorro a ninguém

tua língua, saliva, labareda que me percorr
e

por dentro, por fora, à margem

até minha carne viva encontrar a tua carne flo
r

e finalmente eu for
um rio, um rio dentro do teu mar

guto e galo
15 abril 15h09



foto do théo, na cama da lau, deitada com a julia, palpites do guto, produção pro CD da trupe, a foto nem foi pro CD mas a gente se divertiu um monte nesse dia, foi no final de 2009 pra começar 2010 cheio de amor e tesão, a linda da júlia me mandou hoje por e mail e me fez lembrar de uma música linda que eu ganhei do vado outro dia e não parei de ouvir, tô ouvindo direto, sem parar, que é assim a tua boca me dá água na boca ai que vontade de grudar uma na outra e sugar bem devagar gota por gota veia-flor beijando a flor ou borboleta a tua boca me dá água na boca ai que vontade de rasgar a nossa roupa vamos pra qualquer lugar praquela gruta pra qualquer quarto de hotel praquela moita a tua boca me dá água na boca ai que vontade de gritar é uma bomba acho que vai rebentar desgraça pouca azar eu vou me matar na sua boca letra genial do itamar assumpção. viva o dia do beijo! e aí, já tem uma boca pra beijar?




e de repente plim! acabou a vontade de escrever a vontade toda a Vontade em maíuscula se foi pra algum lugar que eu não sei ao certo se escondeu debaixo da cama e lá está junto de teias de aranhas, pózinhos, ácaros, segredos, saudades, dúvidas, angustiazinhas, malandragens e feiurinhas se foi pra em algum momento voltar ou não às vezes vai de vez e não volta mais às vezes bate na porta depois de anos com uma garrafa de vinho na mão, cheirosa, elegante e já se apossa do sofá essa vontade essa vontade doida varrida essa vontade que às vezes diz não que tem dito ultimamente essa vontade que tem vontade própria essa minha, essa nossa essa que me leva de volta para o meu amor cachinhos para o meu amor menino para o meu amor que será homem um dia, e meu que será minha família bonita e cicatrizada, sem medo das feridas meu amor real de carne, osso e carne carne que eu gosto de ver desfilar quando sai do banho, quando sai de si carne bonita de ver no palco de longe, na coxia de perto carne minha a minha é sua eita vontade! só foi falar nela que ela apareceu! 13 abril 17h54




sob a minha cabeça a nuvem parou chorou floriu passou



são tantas as verdades preciosas


o fim da linha é o começo da mão





não me importa não ser compreendida
se for pelo erro do amor. o amor nunca vai ser um erro. não me importa não ser aceita se o valor da aceitação foi porque amei demais. então que me tire mesmo da roda, que não me aceite. se você não aceita um amor exagerado, eu faço questão de não aceitar você também. pronto, estamos quites. você não aceita um amor, e eu não aceito alguém que diz não para o amor. 1 x 1. quando eu amo, eu sou como o baioque do Chico, eu devoro todo meu coração, eu odeio, eu adoro, numa mesma oração. esse é o meu time, esse é o jogo que eu vibro, essa é a minha torcida, pelo amor exacerbado, jogado aos seus pés. é nesse estádio, nesse estado que vibra meu coração. viva a paixão cruel desenfreada. viva cazuza.viva timão. viva minhas escolhas, viva meu amores e todos as pessoas exageradas, loucas, que se jogam aos pés, que inventam o amor. viva as mil rosas roubadas. o tudo e o nunca mais. viva o tudo. viva o mais. até nas coisas mais banais.07 abril 11h23




I saw you this morning, you were moving so fast can't seem to lossen my grip, ont the past

leonard cohen no meu ouvido,céus, silêncio, hoje não.

10h21 uma vontade de me expressar e um vazio nas palavras. um passado colado aqui, presente no presente, lugar de passado é lá trás, e hoje, ousado, ele se atreve grudar no meu presente, dia 06 de abril, manhã de chuva. sai pra lá passado fique no seu lugar. rebelde, desobediente, ele me aparece sem avisar, intruso, não bate na porta, entra pela frestinha da janela, inunda o quarto e insiste grudar em mim, fantasmão, feito capa de chuva grudada no corpo no meu dia de tempestades. processo, processo lento esse. ouvi uma vez numa mesa de bar, adoro essas conversas, perguntaram a um senhor o que salva o homem na velhice, perguntaram querendo saber o segredo do homem, ele respondeu " a memória meu caro, a memória", e é justamente essa memória cobra, memória que é o veneno e seu próprio antídoto que me salva e me derruba. me salva e me derruba. meu anjo e meu demônio. me salva e me derruba. 10h31 passaram dez minutos meu anjo. apareça. vem me levantar, vem. vem, vai. já tô derrubada, você venceu, bandeira branca amor, eu levanto esse pedaço de pano, não posso mais, tudo aqui foi invadido pelo danado do passado, que me invade eu peço paz, saudade, mal de amor, de amor salvar. 10h36.



Nobody told me there'd be days like these


quero escrever correndo antes que me escape. quero escrever gritando, como ele grita agora no meu ouvido, na minha alma, Instant Karma. quero escrever para ele, quero escrever pra mim, quero escrever pra nós. eu quero. eu quero tanto. eu quero tanto tudo e todos. e quero também ficar só. e hoje eu quis andar sozinha pela paulista, e sair correndo para ver um dos meus heróis. quis ir só, para ser só dele, inteira e pura, toda e simplesmente. well we all shine on,like the moon and the stars and the sun,well we all shine on,ev'ryone come on. então eu sentei lá, na poltrona escura, retirei meu sapato e me senti em casa. pensei no meu pai, pensei nos meus amores, pensei nos anos 60,70. nos anos 2010. Nos EUA, nos fãs dos Beatles que viveram essa maravilha ao vivo, no tempo real, na minha mãe entrando na igreja segurando um girassol ao som de Imagine. Pensei que eu sou filha dessa geração, pensei que tenho saudade do meu pai e queria levá-lo ao cinema hoje comigo. I wanna hold your hand.Sentaríamos na poltrona, nós dois para ver a estréia de EUA X John Lennon. E logo nas primeiras cenas a viúva aparece - aquela que ficou. A que sobreviveu, a que viu o marido sendo assassinado, a que sofreu ínumeros preconceitos, a bruxa, a má, a que acabou com o Beatles. A paixão do meu herói. A sua musa. Chorei óbvio, pensando nisso tudo. Chorei também quando vi a lua de mel dos dois - 7 dias na cama para promover a paz no mundo. Os dedinhos apontados para cima - piece and love, piece and love ( só agora me dei conta que o dedo do meio também é o dedo do amor) piece and love, power to the people, give peace a chance. Chorei pela beleza do amor, pela beleza do ser, pela beleza do artista, do homem, do amante, do pai. Também sou uma viúva, meus amores se foram. Chorei por mais uma morte, a do Lennon. Chorei por aqueles que nasceram nos anos 60 com uma invejinha de quem o conheceu em vida e sentiu esse gostinho. Chorei por perceber que tais pessoas não morrem. não morrem.não morrem. não morrem. essas pessoas vivem em mim. tantos não fazem mais parte de mim e vivem em mim.hoje eu fui ao cinema com ele. com você. com meu pai. e sozinha, completamente sozinha.all we need is love. tô preenchida Lennon, tô preenchida.


02 de abril 20h25





no tempo que eu era jovem, e não tinha amor nenhum





um parênteses rápido (engraçado que hoje eu cantei pra ele. na verdade, eu cantei pra mim. sempre que eu canto pra ele é um pouquinho pra mim. mas isso não vem ao caso - o que importa é eu cantei, cantei com vontade. e contagiei. cantamos juntos, trocamos olhares cúmplices e eu prometi que levaria ele ao ashram, que mostraria as outras canções indianas que fizeram parte do meu passado e que moldaram essa que sou hoje. essa que é sua. essa que é do mundo. essa que ainda é dele. essa que cantou uma canção em busca de um Guru. Um Guru que embelezou sua juventude e que mora num porta retrato ao lado da sua cama. O Guru e o pai juntos na cabeceira da cama. então ficamos felizes com a nossa canção indiana e nem notamos o trânsito da entrada da nossa SP depois de um final de semana no campo. distraídos, entramos pela garagem, felizes. distraídos, nos separamos em nossos mundos virtuais e tão SP.ele na TV, eu no computador distraída, abro um e mail um email que vem do passado, que vem lá de longe um e mail de terras estrangeiras, com notícias que geram dores no estômago. O Guru da foto se foi. sábado.provavelmente enquanto eu tomava uma caipirinha na beira da piscina.enquanto eu ria à vontade, de pernas para o ar, enquanto eu ria à vontade os meus amigos indianos, a India, aquele lugar onde eu fui a mocinha mais feliz do mundo em 2003, aquele lugar que toca minha alma e me emociona tanto, enquanto eu ria e bebia, aquele lugar e aquelas pessoas eram luto e tristeza.então eu me encolhi no quarto. em menos de 3 meses orfã 2 vezes. o pai carnal, o pai espiritual, o pai brasil, o pai indiano. o pai de sangue, o pai escolhido. os homens da vida foram embora. eu fiquei. eu tenho ficado. eu fico aqui tentando entender os acontecimentos todos e então nesses momentos de desespero sempre é a Clarice que vem sorrateira e precisa dizer no meu ouvido, viver ultrapassa todo o entendimento, sim Clarice, ultrapassa mesmo mas hoje foi um dia indigesto e silencioso por dentro, vou sobrevivendo com alguns arranhões mas a claridade é o que me interessa,fecho parenteses, 30 de março 00h52) porque a vida é breve




então eu descobri.






porque sou curiosa, porque sou maníaca, obsessiva, louca, mas acima de tudo curiosa


muito curiosa.


porque eu amo e exagero, tudo junto.


porque eu extravaso no meu mundo secreto.


porque eu sou assim, e por ser assim eu descobri.


já sei. já sei, meu amor, já tô sabendo de tudo.


quando soube, quando descobri, senti como um calafrio, um calafrio que subiu das pontas do pés até os meus fios de cabelo. esquentou meu corpo, acelerou meu coração. choque.



eu respirei, eu pausei.

eu respirei mais fundo, olhei para as mãos, suadas. juntei uma com a outra.



olhei pra mim no espelho. me reconheci. sorri. sorri pra mim.


sorriso de cumplicidade da loucura, obsessão e curiosidade que só eu e você, você - essa daí que olha no espelho e que se chama adelita sabe do que eu tô falando.

essa daí que sou eu. que às vezes se reconhece e se sente feliz por ser quem é - que consegue rir da própria desgraça que nem desgraça é.

o que importa é que eu descobri.




vou ser forte. é assim que as coisas tinham que se encaminhar, é assim que as coisas se encaminham não é?

tem coisas que terminam, tem coisas que simplesmente param.

e eu descobri! meu deus,


pela minha loucura, eu descobri.


e foi importante, foi ruim e foi bom, foi vida.


porque vida é isso - boa e ruim, e curiosidade acima de tudo.


então, eu tive sono. e dormi numa cama aconchegante, num momento aconchegante, num estado aconchegante.


num abraço de adelita para adelita, de corpo a corpo consigo mesma - aceito minhas neuroses, abraço elas, amo elas, e delas que sou feita, e delas que sou desfeita.


vem neurose, vem para o braço de sua dona, vem sem medo porque eu não tenho medo de você.

26 de março sexta 20h52




nos segredos eu escrevo sussurado

no supérfluo eu grito


mas o meu principal está escondido em mim

e esse eu não revelo a ninguém





enquanto isso na manicure,


na escolha do tom ideal



de salto alto a garota verão mascava umrosa chiclete. fazia40 graus. desejoum passeio de canoacom ele - gabrielapensou. e no meio do passeio ele tenta um beijo-deixa beijar... ela deixa. desejo.dentro dela é purovermelho energia. gosto do beijo?morango silvestre









hoje eu sentei e pedi atrevida


enlouquecida com as mil possibilidades do
vermelho
e seus títulos sugestivos







subiu p/o tellhado, volta já

no domingo viu a vida de outro ângulo
21 março 12h03




tem milhares deles na minha geladeira

sexta 19 março 09h34




poesia abandonada no lixo eletrônico da caixa de entrada
mofada, amassada, mal amada, desprezada


poesia abandonada deseja sair do papel e ser almejada
novos ares, novas cores, outras mulheres, outros odores


poesia falida, poesia concreta, poesia discreta, quase-secreta
poesia sacana, poesia bacana, poesia banana

quinta 18 de março 23h00





você finge que não leu, que não comeu, que não gostou
que a vida
vai indo,que
tá tudo bem, que o tempo passou

que agora já era, que tá apressado, não chega mais atrasado

biscoito
vencido,
o café tá gelado, o embrulho amassado


faz tipo, faz charme, faz firula, faz pose, Rose,
faz jogo, faz esquema, faz moleza, faz doce, tolice, Alice,

pra cima de mim meu amor?

meu amor...


em cima?


ok, pode vir!

quarta 17 de março 2hoo pm




então me veio uma vontade de escrever um texto bem bonito,
um texto que falasse sobre deserto, solidão e saudade.
9h00











um texto que jorrasse de dentro de mim e que se
instalaria no fundo dos seus olhos.
9h01












um texto que te levaria a colocar uma
música triste no seu quarto escuro e abafado, e que te levaria para passear em lugares secretos e não habitados.
09h03












então, esse mesmo texto te daria uma
vontade incontrolável de me levar para passear junto com você.
9h04
















cada um no seu
cavalo, depois em uma moto, numa bicicleta de carona, num trem sem destino pelas paisagens da India. andaríamos de teleférico, carrossel e roda gigante no parque abandonado da cidade de Porto Alegre.
9h06












andaríamos de barco, metrô, ônibus, carona, caminhão e asa delta. andaríamos de cavalinho. de
mãos dadas. ou não. às vezes olhando para os lados, para cima. para longe e para dentro. outras vezes em ritmo rápido, outras em ritmo lento. parados. deitados no chão. sozinhos. acompanhados.
09h08

então eu te contaria do filme de ontem, e claro você daria risada. me pediria para repetir a cena com você. eu claro, eu também daria risada. eu topo. topamos. então nós dóis correríamos pelados em direção a mais próxima praia na manhã deserta de março.
9h20

águas de março.
e seria o fim da canseira.
fim.
9h25







final 2 : então no meio disso tudo você poderia acordar e eu também. desligaria a música do seu rádio, sacudiria seu lençol. cada um ia para o seu banho, para o seu chuveiro, para a sua rua, para o seu destino, para a sua vida. e então feito mágica que eu não quero que acabe, a gente se encontraria no texto abaixo.
segunda 15 março 9h50m






fanfarrões

se por acaso no meio do cruzamento
entre Paulista e Augusta
buzinas e bagunças
eu e você, no mesmo momento

se por acaso, se a gente se cruzasse
eu te pegaria pelo braço
te colocaria no peito
e ai de você se escapasse

te tiraria do chão
bagunçaria seu nome, sua idade
inverteria teu sexo, plexo, sem nexo,
seu cabelo, sua identidade

e seria uma poesia, com fome, folia
entre nós, furacão, pés pele, tesão
te garanto,sem fim
tristeza não, felicidade sim
sexta 12 março 9h17


escrever,apagar. digitar, deletar.

a vaidade da escrita, a vaidade da destruição.

ambos os fatos estão relacionados:

escrever e destruir, se esconder e ser descoberta.




entre o natural e o selvagem




da minha natureza:

tem ratos e gatos
cobras e leões
peixes e dragões

passarinho que voa baixo
coelho trepa trepa
cavalos e éguas

pintos e camaleões


nasce rabo na galinha
par de chifres no cavalo
e bico rosa na raposa

encontra-se pêlos nesse peixe
pata nessa cobra
e antena na coruja


tudo pra dizer que qualquer hora eu te acho sua besta,

e te como, te engulo, te destroço,
te caço, te mordo, te arranho,te pico, te ataco, te enveneno,

ass. seu cavalo alado dadaísta
terça 09 março 18h05






se ficar o bicho avança,se correr o bicho alcança.

terça 09 março 9h28


das coisas que você não sabe:
tenho vontades demoníacas que eu mesma me assusto com elas,
e prometo a mim mesma que não ficarei na vontade
não sou do tipo de mulher que passa vontade.
terça 09 março 8h36





e são nesses dias, nesse horário do dia, exatamente nesses dias, como o de hoje, como agora, como agora mesmo, que você vem forte e toma conta de tudo, me deixando sem ar.

sexta 05março 21h00





não, eu não resolvi todos os problemas. a geladeira continua armazenando gelo lá dentro, mas pelo menos o técnico foi lá ver. apertou a tomada e ela voltou a funcionar. 09h00



eu fiz o meu melhor sorriso, e disse: ah, vá. sua visita não foi em vão - tome um suco, o melhor dos sucos. me desculpei, ele entendeu e foi embora.09h02



ele foi embora e eu fiquei. 09h02






fiquei aqui sentada na cozinha desse apartamento pequeno gigantesco com 2 gatos que soltam pêlos o dia todo e olham para mim perguntado sempre: e agora adelita? e agora? então nós ficamos lá, os três, um olhando para a cara do outro, esperando o tempo passar.09h02



tempo esse que tá muito horrível, então eu vou ao chuveiro e cadê a água quente. não, me tirem tudo, menos a água quente. mas essa também me tiraram. 09h03




então lá vou eu do banheiro até a lavanderia correndo pelada, os gatos correm atrás de mim, mexo nos únicos dois botões do aquecedor a gás, faço cara de inteligente e sabida na esperança de resolver alguma coisa. 09h05



passo de novo correndo pela sala, os gatos miam, entro no chuveiro - vamos meu Deus, seja bonzinho... 09h05


nada. 09h06


então eu pulo.pulo,pulo.entro na água fria e grito, grito bem alto. os gatos miam mais uma vez. e o frio vai embora, você vai embora do meu corpo, os gatos não me aborrecem mais e eu dou gargalhadas no chuveiro.09h07



penso que tomar banho gelado é um ato de coragem, subversivo eu diria. me sinto forte depois de tanto tempo. fico aguentando aquela água caindo com o maxilar bem apertado e o corpo enrijecido. olho para as minhas mãos e elas estão fechadas como se eu fosse socar alguém. 09h10




então eu relaxo. me entrego. deixo cair, deixo passar frio, deixo,deixo, deixo. e essa é a melhor hora. sem resistência, apenas permissão.tento ouvir o meu corpo e levar isso para fora do banho, para o quarto, para a calçada, para a vida. 09h12


hoje é sexta. meu dia de folga. 09h25 05/mar




Não basta ter amigos que te amam. Ter um amor que te quer bem. Não basta. Não basta ter uma paixão perdida na curva, nem o desejo de encontrá-la na próxima esquina. Um bom emprego, uma chefe generosa, um salário fixo e um horário flexível. Não basta. Não basta boas roupas, um prato quente e um trocado para a sobremesa. A beleza, a inteligência e o amor próprio. Não, não basta.



Não basta irmãos Coen em cartaz. Não basta o lançamento da biografia da Clarice, nem as aventuras do Bolaño, muito menos a agilidade do Carpinejar.Não basta. A geladeira cheia de queijo, pão sueco, yakult, chocolate lindt azul. Não basta. A bolsa anual na Bio Ritmo no conjunto nacional, não basta. As conversas com a Carô no telefone, as folgas de segunda e sexta do emprego legal que você tem. As reuniões dos novos projetos, as novas idéias, o novo, o novo, o novo. Não basta. Nem as fugidas para a sala de cinema, muito menos torrar o dinheiro entre a Augusta, Lorena, Aspicuelta, American Apperall, Antes de Paris e o escambau.Não basta. Livros, músicas. Nina Simone nem vem que não tem, nem você escapa, não basta.

Quando se tem tudo, mas você fechou os olhos.
Então o tudo vira quase, e o quase não basta.
Definitivamente.

quinta 4 març0 21h52



isso de querer ser

exatamente aquilo que a gente é.

e quando o que a gente é são muitas, milhares, em
posições opostas e incompatíveis, que nem uma vida toda daria conta pra tanto? aí é preciso escolher. maldição. 9hoo

e quando se escolhe uma e a outra não se conforma e fica lá dentro, batendo, pedindo pra sair, apertada, espremida, fazendo bagunça, tocando o terror, exigindo atenção, colo, água, comida,luz?

Rebelião.


Fogo na cela. 09h05


e quando você, esse seu corpinho sagrado que você chama de seu, quando esse seu corpinho é o próprio carandirú, lotado, abarrotado de gente, que armazena todas essas loucas vadias, perigosas, criminosas, pecadoras, retiradas da sociedade, tumultadas e se procriando lá dentro feito verme? 09h10


e quando você é a cárcere pervertida e a prisioneira maldita ao mesmo tempo?


tem tanto prazer em bater quanto apanhar? 09h15


e paga-se um preço caríssimo por isso.09h16


você sabe. 09h18


então esse seu corpinho sagrado, templo divino de almas e multidões vai se esquilibrando como dá, cai prum lado, esquiva do outro, vai levando escondido esse mundaréu de gentes, vai dando um pouquinho de comida aqui e ali, alimenta quando dá porque ninguém gosta de morte, que isso, eu também não, ninguém quer matar ninguém aqui. 09h25


É só uma questão de falta de espaço. 09h30


e tem sempre uma que ganha não é mesmo? a vitória da vitoriosa é me guiar.


Me guie portanto, estou de olhos fechados, meu amor. você, que é forte e sabe o que quer, me guie. você que venceu milhares de outras que disputaram a tapas esse templinho, vamos, me guie. 09h40



não sei mais quem sou. 09h40


quem eu fui eu sei de cor. tá na pele, no cheiro, no suor. tá fresco ainda. 09h41


saudades. que faço com essa saudade? diz!


vamos, pra frente, em silêncio para não acordar a cidade. engole essa cambada aí e siga em frente sem olhar para trás e sem dar trela para essa falação feminina toda, essa babaquice que te tira da cama e te faz escrever no escuro.
quinta 4 março 9h45 - frio

entre o escrever e o te esquecer: sílabas.
c,r,v,q

eu não quero o seu, eu quero o meu. mas talvez o meu esteja em nós.20h54



vai minha tristeza e diz a ele que sem ele a vida é sem graça, que chove sem parar, que a geladeira quebrou, que falta água quente no chuveiro, coberta no pé e coragem para seguir em frente
quinta 4 março 21h00 - frente fria

Quem sou eu

Minha foto
eu ia te contar alguma coisa, mas já me esqueci
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