era uma vez um blog.
o que acontece com ele?




















o que é a felicidade? é o contrário da tristeza. o que é a tristeza? todo período, para um indivíduo no qual parece impossível sentir-se alegre. levantamos de manhã e sabemos que não nos sentiremos felizes nenhuma vez durante o dia, `as vezes acreditamos até que não nos sentiremos felizes nunca mais. aqueles que passaram por isso conhecem o peso do horror, do desgosto, do sofrimento. e eles sabem também, por oposição, que a felicidade existe. o que é a felicidade? certamente não é uma alegria contínua e estável. isso não existe. é somente um sonho que nos afasta da felicidade. a felicidade é o contrário da tristeza: sou feliz quando tenho a sensação de que a alegria é imediatamente possível, que pode aparecer de um momento a outro, que ela talvez já esteja aqui, claro que não de maneira permanente mas com essa facilidade, essa espontaneidade, essa leveza que torna a vida agradável.


a felicidade não é algo absoluto, mas como é bom.
* estou fazendo uma faxina no meu caderno de anotações e achei essa preciosidade. sem título, sem data, sem autor. imagino que seja do sponville, pelo contéudo, pelo caráter otimista, pelo meu amor a ele numa fase da vida. o acaso é tudo, eu aqui, despretenciosa, faxinando a bolsa, o caderno, os papéis - me deparo com esse texto antigo, rascunhado no meio do caderno em algum momento da vida que faz to-do o sentido pro meu atual momento! viva a vida. eu amo toda ela. de cabo a rabo.
seg 12h06












1. porque a vida tá leve feito esse começo de verão.

bye, bye análise, bye, bye clarice, bye, bye livro do desasossego.
bye,bye ulay. bye,bye questionamentos. bye,bye profundezas do eu.
bye,bye trevas. bye,bye buracos, bye, bye luto.

2. intensivão nos prazeres.

3. jogada na mostra. nos amigos. no amor. cheia pra dar.

4. preguiçosa de outras coisas que não sejam essas citadas acima. sem culpa alguma. feliz. da vida.

5. nem high nem low nem high low

quinta 11h44








(filme da mostra de hoje, domingo)
não me deixe jamais
que tristeza. eu e o guto saímos arrasados da sessão. eu já sabia que isso ia acontecer, mas estava curiosa. uma porque eu acho a Carey Mulligan uma das melhores atrizes da nossa geração. ela já tava foda como esposa que leva os chifres no brokeback moutain e nesse filme de hoje ela tá um arraso, tiro meu chapéu. a história se passa no final dos anos 70, no interior da inglaterra, onde crianças são criadas exclusivamente para serem doadoras de orgãos quando se tornarem adultas. nesse ambiente, nasce um triângulo amoroso, da infância até o momento da morte deles. ai. triste até. é o segundo longa desse diretor (mark romanek) que fez carreira com video-clipes. eu achei um pouco longo, `as vezes careta e moralista. mas vale pela Carey. e tem momentos de muita beleza. se tratando da mostra, vale o quanto pesa.




(filme da mostra sábado)
o mágico
fui pra ver "air doll" mas acabei entrando na animação francesa do Sylvain Chomet, do mesmo diretor das bicicletas de beleville - tava com o tom e com a lau e a gente tinha acabado de ver um outro francês ("o inesperado") meio barra pesada e decidimos pegar uma animação pra descontrair. ai que coisa mais linda. é um roteiro inédito do jacques tatit e o personagem principal é claramente inspirado nele. o mágico, em decadência, pula de bar em bar, sem sucesso algum, sempre passado para trás por novos artistas, bandas de rock do momento - o filme se passa nos anos 50. até conhecer uma jovem garçonete que se encanta por ele... e se convence que ele é um mágico de verdade. lindo, lindo. e a trilha é de fuder.









é um passo a passo de um nó de uma gravata com a legenda
"o dia em que eu me preparei para que você me
amasse"

do lado de trás:
"para o meu amor que me laça e me solta todos os dias"

assim, solto, despretencioso, em cima do meu computador......
sáb 9h22










sonhei agora, pulei da cama:
quis escrever sem pensar


uma puta festa na sala da casa da minha mãe. os móveis sumiram e deram lugares a mesas, copos, taças, talheres, cortinas de veludo. estava sentada numa mesa com o guto. todos da trupe. muita gente. haviam desconhecidos animados. ao mesmo tempo que era super chique o guto estava comendo pastel e eu comia pão de queijo no prato de louça luis 15. um homem vai até o corredor e começa a soltar fogos de artifício para cima. os fogos na verdade são milhares de papéis coloridos. puta espetáculo. depois de uns 5 números, um deles atinge a casa.

a casa fica inundada por papel, como uma enchente que começa a crescer, as pessoas ficam presas, claro é só papel, mas no sonho a gente não pensou nisso... foi o suficiente para todo mundo entrar em pânico. todos iam morrer se não saíssem de lá. eu saí correndo sem olhar para trás. pulei o muro. ouvia as tosses do gongom (ele também estava lá) e eu dizia: siga a minha voz, siga a minha voz, conheço o caminho da saída. mas ele estava tão desesperado que nada fazia, não conseguia me ouvir e se perdeu na multidão.

enquanto eu pulava o muro eu pensava: deixei o guto para trás. não são nesses momentos que a gente deve ficar junto da pessoa que se ama? ou são nesses exatos momentos que vem a sensação no corpo salve se quem puder? eu havia escolhido a segunda opção, mas estava cheia de culpa. me questionava em relação a isso enquanto livrava a minha pele pulando o muro.

pulei e deixei meu amor, minha família e minha casa para trás.


20 out qua 8h48










(nota I)
terra deu, terra come
é a história contada pelo pedro, 81, garimpeiro mineiro, místico, sábio, feiticeiro, carismático, encantador senhor que mora num lugar mágico e muito pobre no quilombo quartel de indaiá, distrito de diamantina. o filme é um documentário-ficcional que refaz o funerário de joão batista, figura que gera muita controvérsia no lugarejo. mas o lance mesmo é o pedro e seus "causos" sobre os diamantes e coisas da vida. sua mulher doida e maravilhosa. e aquele lugar lindo. e guimarães rosa na veia. deus e o diabo. a vida e a morte. e o além da morte. e os mortos também. o filme é lindo demais e não dá vontade de parar de ouvir o pedro falar..


(nota II)
tropa 2
todo mundo comentando que quer casar com o capitão nascimento, blablabla.tá até cansativo. já que ele é o mocinho do momento, por que não botaram logo alguém pra beijar na boca dele no filme e catartizar a mulherada toda da platéia??
domingo 21h54











beuys don't cry

















a arte me levou ao conceito de uma escultura que começa na palavra e no pensamento, que aprende a construir idéias com a palavra, e a transferir para as formas, o sentir e o querer
















se o pensamento não falhar nessa tarefa, aparecerão as imagens que espelham o futuro
as idéias tomarão forma

joseph beuys
(ai como eu queria sentar aí..)
domingo 10h47











entre cheios e vazios

fiquei pensando o que dizer pra ela























simone, imagine uma bexiga. essa sou eu. então lá vou eu assoprando, assoprando, assoprando, milhares de coisas, informações preciosas sem saber o que fazer com elas ali dentro. a bexiga começa a crescer e a não caber nos lugares, porque o corpo dela não é redondo e gordo, o corpo dela é pequeno e maleável, do tamanho de uma bexiga vazia, é esse o corpo que ela se reconhece. ou seja, eu estava descabida. eu estava agora imensa, cheia de insights poderosos e significativos sobre a minha infância, sobre o ser mulher, sobre meu comportamento com o mundo, mas sem nem conseguir enxergar meu próprio pé! o que eu faço com isso tudo aqui? essa sou eu, agora? mas essa eu não me reconheço, e essa eu não sei se eu quero pra mim, não agora. preciso de ar. aqui, sem espaço, apertada e a ponto de estouro eu não vou conseguir me ajudar.


ou vai ou racha.


sáb, 16 de out 12h03






























me faltou ar
me faltou palavra também
tem me faltado algumas coisas
quinta, 11h33













se existe um código comum em todas as mulheres é o fator cabelo barra mudança. quando se quer mudar, o que quer que seja, a gente começa com os cabelos. foi o que eu fiz. fui lá no charles ontem e raspei uma das laterais. leio essa minha atitude como uma rebeldia, uma vontade de mudança, de agir em cima da situação que me apresenta tão estranha, misteriosa e enigmática. mas ao mesmo tempo um desejo de querer conservar algo do passado, de não me abandonar completamente, de não ser uma nova adelita, de reinventar o que se tem, eu diria. ta aí, a resposta.
sábado, 13h20






































falo que você me deixa de bochecha vermelha e você ri diz que eu gosto de confusão sim você me saca e eu te digo adoro esses programas do tipo márcia que o povo tem umas histórias malucas mais confusas impossíveis e então justo você vem me dizer que isso tudo é um paradoxo porque você sai correndo de uma confusão mas ao mesmo tempo tá sempre envolvido nelas talvez seja isso que me atrai
8h25

eu não sei o resto mas você pra mim é mais que isso tudo é uma fantasia infantil dos tempos de criança apesar da sua idade quase encostar na minha e não fazer tanto sentido mas você exerce um papel que me desperta e me tira dos meus problemas pelo contrário você não é confusão é solução por aqui que também me tensiona me deixa de bochecha vermelha é gostoso e você gostou de ouvir isso da minha boca
8h35

deu risada e não me disse nada ficou mudo







tive vontade de perguntar como é que você se sente quando me vê mas você só ouviu meu desabafo e deu risada me deixou no mistério então eu não sei se isso é medo ou falta de desejo ou então tá simplesmente esquivando o corpo porque não gosta de confusão mas eu não caio no seu papo você tá no meu
8h42

eu sei eu sinto você nem precisa me dizer eu vou atrás vou te deixar confuso até você amolecer devagarinho pra poder caber e se entregar
8h55














eu tô te confundindo
prá te esclarecer























tô ficando cega
prá poder guiar








qual é o conselho que você daria para você mesmo no passado?

















era isso que estava escrito na revista, em cima da mesa, na sala de espera



(refleti)


e comecei:

"adelita, o mundo vai cair. você vai se apaixonar, se desapaixonar. você irá para a india querendo ser monja e vai descobrir a felicidade morando sozinha num apartamento pequeno e barulhento ao lado da nove de julho. vai reencontrar antigos amores e quando achar que a vida não pode ser melhor, cairá num buraco inclinado como uma bola de neve. então quando se deixar acelerar por você mesmo, descobrirá que a única coisa que importa, afinal, é a vertigem da queda.

adelita querida, aproveite. a vida é mais que seus sonhos mais surrealistas podem te levar. permaneça com fé que ela chega a ser mais importante que a felicidade. olha, vale a pena. boa sorte. estamos juntas, não se sinta nunca sozinha. e não tenha medo da sua força. não sinta culpa de ser forte, não recue, avance. silencie quando necessário. peça colo. peça colo. estenda a mão para pedir socorro e socorrer. estenda a mão sempre. mãos fechadas guardam sonhos, mãos abertas recebem os desejos do mundo. que venham todos!

e por fim, continue infuenciável, sinal que você está aberta ao mundo".

05 out terça 19h00











se eu me abandonar em você

por amor você me segura?












há muito tempo atrás eu digo pra mim mesma que eu vou parar com as minhas mil coisas que eu me meto a fazer para abraçar total e simplesmente o que realmente me interessa. o mais ou menos não me interessa. existe um auto-engano em viver coisas parciais porque sou gulosa. quero um pouco de tudo, ou melhor quero tudo muito. mas a boca não é do tamanho do mundo, os olhos talvez sejam e essa matemática quase sempre dá errado e me gera frustrações. não há como não me envolver com tudo que me interessa. e o que fazer se me interesso SEMPRE por quase tudo? mas não há coração que aguente tanto envolvimento. já vivi achando que lá dentro existe um armário cheio de gavetinhas que você arquiva as sensações, memória, saudade e experiências presentes. dá tudo certo. porém meu armário está pequeno. a faxina precisa ser feita, arquivos velhos devem ser considerados arquivos mortos. é hora de reciclar. abrir espaço. passar paninho na gaveta e aguardar com cuidado o que vem por aí. mas antes eu preciso treinar meu desapego. exercício de fé. 5 out - terça, 7h56.


(há da haver a hora)










quando o pássaro é você mesmo,
e a armadilha é você quem cria

(foto: rebecca horn)









i am not the girl who misses much
(pipilotti rist)











aqui. agora. aqui. agora. aqui.



eu tô aqui. agora. tenho te procurado por aí, afora. quando me sinto perdida recordo, me finco. terra que você mesmo adubou pra que eu pudesse construir a minha casa, morada de amor. casa larga, onde os pássaros entram pela janela, sempre aberta. a nossa, aquela. janela aberta pra você voar quando quiser e nunca, nunca se sentir preso. você não suporta isso, eu também.


olha: a janela permanecerá aberta sempre, sempre, sempre. pra te receber quando você quiser voltar. isso não é um chorinho, é só uma vontade. uma saudade que veio junto com o vento. tô aqui olhando por ela. quem sabe. eu nem te conto, eu só desejo e mando pro céu de volta.
te vejo em carta, foto, novela, livro e no piano de cauda que está silencioso. também sente falta do seu toque. é isso. assoprei. fui eu que mandei o beijo. ... até logo, aqui. agora. aqui. agora -- até...

5 outubro terça 8h25









passo 1. detectar a vontade
passo 2. agarrá-la com tudo







vou por aí a procurar


um destino pra chamar de meu

fase longa. deixa-me impaciente, preciso andar. lua estranha. o dia passa, às vezes incrível, outras vezes simplesmente passa. com rebecca horn no café da manhã é inspirador. carpinejar à tarde, motivo de viver. a vida é boa, minha cara. eu penso e esqueço o resto. então a noite chega com a lembrança de tudo. são nos sonhos que moram os mais terríveis pesadelos. terrível é não saber o que se deseja quando existem mil possibilidades pelo caminho.


a pior angústia não é escolher uma estrada e se arrepender depois: a pior angústia é não escolher. parar no cruzamento de mil avenidas, ruas tortas, escuras - cada uma que você entrar é uma surpresa - e então você silencia. freia bruscamente e não sabe mais onde está o acelerador. perde a mão. você que fez os seus castelos e sonhou ser salva do dragão. fica lá, ouvindo a buzina do mundo te cobrando uma decisão porque a fila anda, tem gente atrás e você tá empacando a ordem natural das coisas.


cada minuto que passa a tensão aumenta para que você escolha algo e chame de seu destino, é por aqui que eu vou. e você o que faz? continua ali, parada. sem reação. sem saber para onde ir. procura a espada do seu salvador. nada encontra. é uma fase longa. amanhece, anoitece. faz sol, chove. os candidatos se apresentam, e finalmente é o dia da eleição. domingo. mais um domingo. e você ali, parada.





(aumenta o rádio, me dê a mão)

3 out - domingo 09h04












(falta pouco)








(sabe o que eu penso?)

um pequeno gesto pode ser uma salvação













(em)baralho





















avançar (coração). em meio à lama não desistir. (espada). e esse não desistir é o que chamamos de beleza, e essa beleza chamamos de homem(paus). ali, onde tudo fracassa e em meio à derrota, onde na manga moram cartas embaralhadas e misteriosas, num sopro de coragem, o homem, apesar de tudo vence. é o conjunto de cartas que compõe o jogo. em época de embaralho o curinga é (ouro).


















truco, ladrão.
sexta 9h23
















(parênteses do inconsciente)




sonho 29.09

eu estava numa galeria de arte construída em cima do mar,
havia passarelas onde podíamos ver a água passando
fui convidada para fazer uma performance no dia da abertura

dei uma folha de papel e uma caneta para cada convidado
no papel havia os dizeres e as explicações:
"modo de fazer um barco de papel"
todos seguiam e montavam seu barquinho

com a caneta eu pedia para que escrevessem o que eles gostariam que o mar levasse
terminada a tarefa era só jogar o barquinho no mar
a galeria ficou cheia de barquinhos de papel passando por baixo dos nossos pés

ficou lindo

e então os barcos começaram a afundar
eram cachorros, muitos, milhares que moravam no fundo do mar
e levavam os barquinhos lá pra baixo e comiam o desejo de cada participante da obra

fiquei instigada








acho que esse sonho foi importante, por isso quis guardá-lo aqui.

























espelho meu, meu riso é seu





















eu estou ilhada



























passa nuvem negra larga o dia







e vê se leva o mal que me arrasou

(sem parar na voz da gal)
terça, 11h19


















eu perco o sono procuro palavras

eu tenho um ideal de mim e o que eu sou de verdade não condiz

te deixo livre com suas asas confusas e longas para tropeçar e definir seu próximo vôo,
mesmo que o destino seja tão tedioso quanto ficar


num mesmo ponto para sempre
é tudo uma questão de ponto de vista


no meu ideal eu abro meus braços e deixo me envolver por outros anjos,
sou levada nas costas de uma cegonha rosa bebê,

vejo as coisas do alto e elas praticamente não me tocam, são nuvens passageiras,
chuvas de verão azul que fazem cócegas nos meus cabelos

e tudo é tão leve
passageiro
faz parte da viagem
tô só de passagem

assisto tudo pela janela desse trem bala com destino a marrakesh

tomo um tchai com um indiano bigodudo
um ácido com os rapazes de mochila
leio leminski, sponville, clarice,

chacal só pra relaxar


encontro uma foto do meu pai no meio do livro, levo pro peito

e tudo é previsível e lindo
eu não me incomodo com a previsibilidade dos acontecimentos
eu não me incomodo com nada,

tudo é

por si
só sem esforço


e eu aceito, me rendo aos pés de lótus desse destino sem direção

até te encontrar no próximo vagão

vagamos

juntos ou separados?






















eu não moro mais em mim
28 set, terça 7h02













me pediu pra contar uma história ilustrada pra você dormir,
aqui está meu benzinho bons sonhos sonhos bons






















onda boa boa onda tava na hora:

porque viver é assim mesmo, você se apaixona fica tudo cor de rosa você se sente a pessoa mais iluminada abençoada sortuda e presenteada do universo tudo flui o motorista do ônibus é simpático o padeiro é lindo sua rua é cheia de pessoas simpáticas o vizinho tem um cachorro maravilhoso que tudo bem às vezes late e mostra os dentes para você mas isso é vida é energia e você acha aquele cão bravo e barulhento uma matéria estimulante e adorável e a fila do metrô é gigante mas você nem liga porque tá tocando no seu ipod aquela música do chico buarque que diz exatamente como você se sente como mulher


































porque agora você tem uma paixão um homem que te deseja como ninguém que ama a sua unha vermelha descascada a sua cara amassada e a maquiagem borrada assim que você abre os olhos e ainda te diz que não conseguiu dormir porque passou a noite inteira olhando para você enquanto você provavelmente babava no travesseiro tudo tudo tudo tudo é lindo olha a sinfonia de buzinas da paulista que som bonito que faz, aliás você já tinha reparado na beleza das pessoas andando pela paulista correndo parece uma coreografia da pina baush sim você começa a achar beleza magia em tudo até na chuva que não para de cair sobre a sua cabeça plim plim plim plim parece mágica que pingos d'agua possam cair ali de cima e alcançar você aqui embaixo a mesma chuva que te molha aqui na augusta molha o seu amor em outro lugar da cidade e pronto é lindo vocês dois estão conectados









































então chega uma hora que tudo que você deseja é ficar sozinho a sua rua é feia suja escura e mal cuidada o cachorro do vizinho é um animal bruto e violento o padeiro é ignorante e a fila do metrô é insuportável mesmo ouvindo beatles no último volume a chuva molha o seu pé e você sabe que amanhã acordará resfriada o telefone toca e você não consegue atender porque se atrapalha com o guarda chuva você liga de novo e a pessoa do outro lado não consegue atender e você sabe exatamente que não não não estão conectados











































então chega essa hora que tudo o que você deseja é sair correndo sem saber para onde ir e entende racionalmente que ninguém vive o tempo todo só de amor senão essa pessoa morreria afogada no seu mundo cor de rosa cheio de ludicidade e pouca lucidez mas,










































você não quer a lucidez você quer ser cair de cabeça numa piscina cheia de coraçõezinhos piscantes feito luzinhas de natal i love you i love you too é só isso que você quer se afundar nesse buraco já que você está em queda livre e o buraco é sempre mais embaixo do que sua imaginação pode alcançar















































decide-se: pára de pensar e literalmente sai correndo deixa a bolsa cair o guarda chuva cair o celular cair e sente a gravidade do mundo te puxando para baixo e você se entrega permite o acontecimento regido pelo acaso sai correndo pela rua trombando pessoas que te xingam te ignoram se espantam assobiam e não se comovem


























































e uma onda boa percorre seu sistema nervoso o sangue circula você sente o coração pulsar com uma frequência absurda tá aqui na boca e clic! é assim, justamente assim que seu corpo reage quando está apaixonado












































pronto! o mundo tem graça novamente você ri de si mesma dos altos e baixos da vida da dele
da sua dos seus amores dos seus amigos de todo mundo e se sente abençoada novamente e pensa caramba eu moro aqui dentro desse corpo tenho um coração uma mente maluca meu sangue ferve eu tô na vida e viver é isso














































então você aumenta o som que estava no shuffle e por uma ironia do destino e uma combinação maravilhosa do acaso está tocando nina simone











Say, love me or leave me and let me be lonely
You won't believe me but I love you only
I'd rather be lonely than happy with somebody else































I want your love, don't wanna borrow
Have it today to give back tomorrow
Your love is my love
There's no love for nobody else

















você assobia.

feliz.

leve.

suada.

serena.






e segue tranquila à caminho do fim do dia 24 de setembro de 2010.
20h56












ali, do lado de lá

























é uma possibilidade
























permanecer























também é uma possibilidade



tudo faz sentido

24 set sexta, 8h04





1,2,3 a ordem é não pensar
esqueça, não é com você
























a verdade é que eu queria permanecer de olhos fechados
não sei que força estranha é essa que me permitiu retirar a mão dos olhos,

não quero, não gosto do que vejo prefiro o escuro da minha cegueira



ignorância absoluta quentinha aconchegante sofazinho sopinha carinho cobertor nas pernas conchinha bom dia boa tarde boa noite tá tudo bem tá tudo legal



olha o sol que bonito olha a chuva que poética
olha os pingos que caem meu amor pela janela olha que bonito o desenho que faz




não quero o vislumbre de uma felicidade outra de uma adelita outra de uma possibilidade de uma nova vida cheia de potência exuberância risco perigo
corpos sexo inteireza deslumbramento






olha os pingos que caem do meu rosto amor escorrem pelo nariz olha o rímel desenhando minhas bochechas você não acha bonito mas é tem poesia amor observa aquime olha não tira os olhos de mim








eu minto pra você(s)
não quero o mundo por inteiro as coisas por inteiro como eu tenho dito






e se eu disser que eu gosto da metade, do parcial, do que não é saudável, da migalha, você acreditaria?






- você caiu na minha conversa, não percebe?
a verdade é que eu não aguento viver de verdade toda essa potência de vida que bate na minha porta



é tudo um jogo de palavras
é tudo truco
é tudo de mentira



porque pra verdade essa ainda não é minha hora
ainda
ainda
a in da






















(quando eu estiver pronta, retirarei a venda irei ao primeiro orelhão


discarei o seu número ficarei em silêncio
você vai entender tudo e dará sua voz de comando:
- vem)


22 set quarta, 2h16





















Você me chama
Eu quero ir pro cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente
a madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
E se passou Passou
daqui pra melhor, foi!
Só quero saber
do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder
(Torquato Neto)

20 set, segunda, 7h10









































--- pra balanço

sexta,11h29














(tríptico particular)


















happy people
















happy family


















happy alone
sexta, 18h31












(como num fluxo inesgotável)












tobari - evoca a passagem do dia à noite

como feitiçaria: por um toque, fecha-se os olhos
tudo some.
o que você pensa que existe, não existe mais.

agora é escuro, silencioso e você pode fazer do seu jeito.
eu digo do seu jeito, não do meu

queria ser mais carinhosa e compreensiva
queria não me importar, mas me importo
isso é fraqueza

queria ir embora com o sankai juku, pra longe

fiz a tal da feitiçaria: fechei os olhos, tudo sumiu.
fui pra lá e lá estou

(ninguém me tira daqui)














17 set sexta,11h0

























(recorte)

de olhos fechados tateia a cama e encontra o corpo dele de bruços. em silêncio escuta sua respiração profunda. a mão direita toca suas costas de homem e sente o abdômen subindo, descendo, o corpo vibrando, um corpo que descansa. desce a mão pelo braço e aperta firme seu dedo indicador como fazia quando menina e tinha que atravessar a avenida movimentada com o pai. é um pedido de socorro.





ele está ali. ainda está. ah, como deseja aquele corpo!
pequeno, definido, tamanho exato, perfeito pra ela. sente seu sexo quente, mole, feito criança.
ama essa pessoa como quem cai no nada.





recorda as últimas frases ditas, a última conversa antes de caírem no sono. angústia. gruda seu corpo no dele e solta um grunhidinho próprio de quem não sabe o que fazer. passa a sofrer antecipadamente com o que virá, com as mil possibilidades de um futuro para essa relação. aberta? acabada? em tempo?





quer esquecer. não quer pensar. muda de assunto - foge .





agora de olhos abertos, pega o celular ao lado da cama. 6h45. passou o domingo inteiro dormindo. checa as ligações perdidas, não retornará nenhuma. pensa nos compromissos do dia. são poucos.





pisca os olhos, recorda: sonhou com um circo.
como é mesmo o nome da pessoa que se equilibra num fio de arame?
funâmbulo. isso! pensa no funâmbulo do seu sonho. era forte, determinado, seguro de si. tão diferente de como ela se sente nessa manhã.




sente o arame debaixo dos seus pés e mesmo deitada, com o corpo todo apoiado na cama tem a sensação de estar em perigo, no alto de um precipício, apoiada sob uma linha. "o funâmbulo sou eu."

















"dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar"- cantarola joão bosco baixinho, para não acordá-lo.

segunda, 9h41
























(veja os desenhos que faz, me conte tudo)
13 set segunda, 9h30










(é amor)

















(é o que eu sinto - sinto muito)

domingo 19h30










(quando as aparências enganam)










uma nuvem de lágrimas sobre




(disfarçando as evidências)























é um jeito triste de ter você

domingo 00h23



perdida. incomodada. tô me sentindo assim
com ansiedade. quero que essas coisas passem logo.
esses sentimentos
12:05
mas o melhor não é deixar eles passarem, é eles te ajudarem a transformar
12:05
talvez vc precise olhar pra eles por mais tempo e não tentar fazer eles passarem
nao?
12:05
sim...
12:06
dói olhar mas não tem jeito, não tem outra saída
12:06

prefiria dizer que a nossa vida é cor de rosa, mas eu tb sei bem que cores difíceis não faltam por aqui
exatamente
enquanto vc fugir, a angústia vai ficar no seu pé
esperando pra dar um bote
12:07
vc tem razão..
12:07
"Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber se deve esperar ou esquecer é a pior das dores."
10 set 12h19













é só ter olhos pra ver



     





10 set 11h03

















da natureza das coisas minhas e suas

dos temporais, temperamentos, dos pensamentos
de amor


























































Alessandra Sanguinetti




chove sobre a terra sobre o meu teto sobre a minha cabeça eu o carrego tento fugir das poças em vão é impossível protegê-lo dessa tempestade quando não se encontra a resposta na natureza da gente ela responde por nós severa mãe autoritária que mostra o caminho verdade nua e crua doa a quem doer a mim dói o mar agitado o céu chorando você no meu colo capa de chuva transparente encharcada o chão mole-barro-vermelho me fazendo dançar com esse meu menino-presa-caçador que ameaça cair que pesa
eu te seguro com todas as minhas forças te segurar é me segurar também chove chove muito e a gente quando se olha vê na retina a sombra de um arco íris a gente procura fora não encontra. dentro está.
9 set - 10h02










a vida tem dessas coisas,

o tempo fecha,o tempo muda tudo
pra depois abrir pra depois abrir pra depois abrir



























































vida real

(4)
eu não durmo mais
eu roí todas as minhas unhas compulsivamente, obcecadamente
enquanto eu róia, pensava: alguma coisa se passa comigo, algum significado obsceno e desconhecido está por trás desse ato selvagem de me roer até a carne, até sentir o salgado do sangue





(3)
eu não durmo mais
sento no divã e a cabeça ainda gira pelo excesso da última festa
ela abre a porta para eu entrar. cambaleio, quase caio e digo sorrindo: ainda não dormi
ela ri e diz: você continua dançando
eu digo: estou dançando freneticamente há uma semana


(2)
reflito, disparo
: simone, estou cansada. estou perdendo alguma coisa que eu não sei o que é,
tenho 28 anos. quero filhos. não quero responsabilidades. quero ser reconhecida, não quero trabalhar. não quero frustrações. não quero dores. quero somente o prazer superficial. cinema, teatro, dança, exposição. quero absorver, não quero vomitar nada. quero cobertor em cima de mim. quero que coloquem na minha boca.
quero que digam que eu sou linda, ótima, que tá tudo bem, que vai ficar tudo bem. que eu sou boa, legal e todo mundo me quer por perto.
quero meu pai de volta. quero zerar um monte de coisa.





(1)
o telefone toca. é o técnico do meu laptop: sua máquina está pronta, pode vir buscar
: e minhas informações, conseguiu recuperar?
: não, infelizmente você perdeu tudo.



(0)

3 setembro sexta, 10h57



















saiu correndo, nem me viu
corri atrás, bem-te-vi
voei em ti, vivi.
quarta, 12h00
























ele me comia com aqueles olhos de comer fotografia

eu disse xis
quarta, 12h10








então eu sonhei com um saci pererê

dei 2 reais pra ele, pedi algo em troca

ele disse: saci pererê não troca nada não. só ganha

quarta, 12h17












oi amor, é comigo?




















10h03













agenda 2010: 60% de desconto
- me dá uma moça, perdi a minha

o começo do ano é branco
farei dele o que bem entender
09h45













o esquerdo falou: "acho que a gente tem coisas em comum"
o direito respondeu: "mas você nunca me acompanha. ou tá sempre na minha frente ou só anda atrás de mim"


se encontraram na madrugada, embaixo dos lencóis. lado a lado.
amaram-se loucamente.
09h30












são pequenas atitudes que mudam tudo. um jeito de corpo. uma mão que cruza com a outra, e sem querer querendo, um apertar mais forte dessa mão desconhecida da outra mão que também deseja um contato mais quente,






porém nem ela sabia desse desejo. é na hora que ela se encontra com a outra mão que descobre sensações novas e pensa.... opa, aqui tem coisa.






são pequenos, pequeniníssimos gestos que mudam tudo. um botão e bum!, todos os e mails se apagam e lá se vai uma história de amor bordada em palavras. um botãoe bum! uma nação dorme. pra sempre








comigo foi um gesto de olhar. primeiro um simples olhar. me olhou como quem reconhece, como quem repara em outro corpo, outro rosto. deve ter olhado meu cabelo, olhos, nariz, boca. olhou mais um pouco. provavelmente reparou que tenho sardas claras.





e depois disso tudo, continuou olhando. já era tempo de desviar o olhar, mas ele permaneceu em mim.




o que mais ele quer ver, eu pensava? já não viu tudo o que uma pessoa desconhecida pode ver em mim? me olhou, me reconheceu, observou minhas expressões e continua com os olhos grudados aqui. meu rosto quente. meu rosto vermelho.






era isso que ele queria? me deixar sem graça? descobrir meus segredos?







então pronto. a coisa já estava feita.





seu pequeno gesto mudou tudo. seu pequeno gesto que não doeu nada em você, mudou tudo por aqui. agora já era. agora o viver só tem graça em esperar seus olhos. descobrir qual é essa sua curiosidade sobre alguma coisa que mora aqui no meu ser. esse mistério de mudar poucos códigos.




não se pode olhar muito tempo para uma pessoa, não te ensinaram isso?
terça, 8h33









and give peace a chance
segunda, 10h25






invadi teu armário roubei sua camiseta cheirei sua roupa botei você no meu corpodeitei na sua cama vazia


essa noite você vai dormir em mim grudado na pele de bandida que fui e você nem notou nem nunca vai saber

domingo, 2h00







sábado, 28 de agosto
início do curso de crônicas com o Carpinejar
tema da aula: Embebedar alguém

Último dia de carnaval, últimos minutos no salão

Casais na parede se confundiam, já não dava mais pra saber quem era o homem ou a mulher, se eram duas mulheres ou dois homens, pouco importava. Aos meus olhos todo mundo se pegava, menos eu. Vampiro com branca de neve, chapeuzinho vermelho com chapolim, enfermeira com bombeiro, guarda noturno com guarda costas e eu, mais uma vez, de odalisca à ver navios.
Eis que de longe, perto do banheiro masculino, avisto o pirata. Ali parado, com os olhos quase fechados - será o sono ou efeito da fantasia? Quem sabe era bebida?
Abaixei um pouco a minha saia de odalisca, empinei os peitos e fui até lá, decidida que essa noite sozinha eu não ficaria.
Parei na frente dele com uma cachaça na mão. Pensei comigo mesma: ou eu viro a cachaça agora e encaro o pirata, parto pra cima mesmo, ou eu dou uma reboladinha e digo a ele que naquele copo contém todo o oceano, e se ele virar tudo de uma vez ganhará o tesouro da ilha perdida. Ou seja, eu. Sim, ele vira o copo e ganha uma odalisca cheia de ouro pelos quadris.
Então nesse momento de impasse, virar ou oferecer, oferecer ou virar, passa um trenzinho de pessoas alegres no salão cantando alalaô me empurrando e derramando todo o meu argumento pelo chão.

sábado, 18h35











"a imagem é uma fonte, e mais que isso, um deflagador de idéias.
ela sugere, é ainda mais violenta"
Francis Bacon






dance me to
of love

sábado 28 de agosto 1h04











ainda lá,

é tudo tão estranho. desde o início eu tive muita dificuldade de aceitar. mas aceitei o pacto, apesar das dores, apesar das perdas, dos medos, das aflições. aceitei e desde o começo do ano atravessar não foi fácil. atravessar não significava passar por cima, como numa ponte e o rio selvagem lá embaixo nem sente o calor do seu corpo e você assiste a tudo pela janelinha e quando termina a ponte você diz: pronto! atravessei. atravessar para mim significa sair do carro, tirar a roupa, pular da ponte e atravessar a água gelada sozinha, só eu e a natureza, os seres da natureza, a fúria da natureza ou a calmaria dela. somente eu e o universo. o de dentro e o de fora. então vieram as reuniões. silêncio e turbulência. cada domingo era uma emoção que dominava. tinha dias que eu calava e nada fazia eu falar. foi num desses dias que nasceu a clarice, minha personagem na travessia. clarice não fala. não fala porque não quer, porque não pode, porque perdeu o fio. de conexão. clarice perdeu a fala. clarice ganhou outros sentidos. clarice ouve o que não se diz. vê o que não é visto a olhos nu. clarice é assim, e agora, depois que passou a viagem mas eu ainda continuo lá em algum lugar, eu vejo a presença da clarice tão forte em mim. a que eu fui lá e a adelita que está aqui. clarice é um estado. um estado selvagem porque não há controle. aparece quando quer, porque quer, porque é preciso.

é tudo tão estranho,
estranho no meu próprio ninho.
25 agosto 17h42


























eu peço bigode ele não faz
eu peço o dia ele me dá a noite


a cerveja, os amigos, o risco
a dúvida, a vida, o riso
a certeza, a escolha e acolhe


de madrugada ele pede um filho
e de manhã ele acorda menino

trancoso, 11 de agosto









eu agora, terça feira, 17h41, no meio do trabalho, distraída pensando na vida, na lua, nas amizades e nos meus amores. a gente veio embora e ela ficou no meio do caminho. ficou pra se conhecer por inteira, pra virar fera, pra ser selvagem e solta na vida. dona do seu próprio nariz. ficou porque quis e porque é dona de si. uma parte minha ficou com ela. foram 25 dias grudadas, quando as palavras já não cabiam mais na boca. eram gestos, ollhares e o silêncio que nos preenchia e dizia o que era indizível. nossa comunicação sempre foi assim. agora distante, ela virou uma coisa absurda... então chegou esse e-mail, lá de longe, lá onde a terra é mais quente e a fala é mais mansa....

18 agosto, 12h15

A verdade é que me ensinou a amar diferente, porque eu a amo diferente, coisa louca que transcende o amor que já me era velho conhecido. Eu pude através dos olhos dela vê-lo com mais formas e sentidos, amor amiga de deitar no pé e chorar no colo, a única a quem eu molho de lágrimas, mesmo quando elas não caem. E contar um segredo vira cotidiano, conversar com os olhos e sorrisos, tudo isso, tudo cabe. É forte até nas unhas da mão roídas. E até isso eu acho bonito de ver, amo olhá-la olhando, amo olhá-la amando.

Te levo comigo, amor

onde quer que eu vá

não importa onde for

te acho na mala,

te compro passagem,

nas fotos te vejo,

qualquer paisagem

me escondo contigo

és mais que um abrigo

me sento ao seu lado

no banco do barco

no ponto lotado

na fila de entrada

eu sou quase nada

quando você não está

aqui, debaixo do orvalho

tomando sereno

pra sair do sonho e encontrar o sol

te levo comigo, amor

onde quer que eu vá te levo onde for






peço licença


eu sei lá o que eu vou escrever

hoje vou deixar solto soltinho o texto assim como eu me sinto

e escrevo com um sorriso nos lábios que vem

de lá de dentro lá escondido lá do lugar que eu descobri que é bem violento

porque foi lá na bahia que a mãe de santo me olhou e falou de cara vc é ogum ogum purinho

e quando eu descobri a violência de ogum me assustei

me assustei toda e não quis assim



porém eu na verdade não tava querendo ver o que eu sempre tento esconder mas desliza quando vi já foi

e já tô cheia de violência de vida de vontade desejo de cair no buraco e saltar dele de trampolim mais forte mais bonita


sou filha de ogum ela me disse de ogum purinho


e eu não quis acreditar mas então eu dizia pra ela

olha só vê bem vê se não é oxum a que segura o espelho a que tem mil pulseiras nos braços vê se não é ela meu orixá vai

e de tanto insistir o preto véio veio pertinho de mim e disse ok minha filha tu é filha de ogum com oxum

e daí me deixou mais confusa ainda porque no final das contas eu adorei aquele contato inicial aquela primeira impressão que ela teve de mim

a Lourdes a mãe de santo de Trancoso aquela mulher forte pobre negra linda foda



e depois do primeiro susto eu gostei muito de ser ogum purinho

ela sabe o que fala ela sabe o que diz

e eu tontonta medrosa não quis acreditar nesse primeiro contato nessa primeira impressão que diz tudo

a primeira impressão é sagrada


e desde então eu sonho

eu sonho que eu fico
muito muito muito nervosa e viro um demônio

demônio com a cara vermelha foi assim essa noite e eu gritei com todo mundo na rua me assaltaram levaram a minha bolsa e eu virei um demônio doido que cuspia fogo pelo nariz

vai saber são eles todos querendo sair

e eu acordei
chorando

e depois
eu gostei gostei sim é isso aí tem que gritar bater desacabelar deixar sair urrar




em vez de espelho eu quero uma espada



quero lutar ogum
quero lutar com esses meus demônios todos meu pai meu pai amado
19 de agosto, quinta feira

















lá do sertão, lá do cerrado

a sede de ti prossegue, a sede de ti continua
boca seca de sede de ti

que mora longe
vive distante, que eu não sei por onde anda

eu na seca, no sertão tentando ser tão eu
ser tão o que sou

mas a sede de ti carrega
a sede de ti prossegue

a estrada toda carrega a sede de ti
garganta seca, boca seca

terra seca, Urucuia seca do sertão de Minas Gerais
seco segue, como minha saudade

na estrada de terra, no sertão, só eu, Deus e a terra, 160 km de terra.
16h38m - 29 de julho














de outros carnavais
de muito tempo atrás

era fácil. desde o primeiro dia. mesmo com um beijo desajeitado, mesmo te empurrando pra outra. mesmo te seduzindo fingindo não te conhecer.

era leve, fácil. mesmo tão bêbado que não conseguia conversar. quase que não me telefona. quase que não me acha. mas com você era fácil.

me ligou, me achou, pegou o metrô, desceu a augusta, subiu a augusta.me deixou em casa, namorinho de portão. gostou do namorinho de portão. leve, fácil.

gostou do meu gosto por futebol. gostou da minha leveza, era fácil de levar.

até ficar pesado.da noite pro dia. o dia virou noite. até ficar maluco. até ficar doentio. até rasgar, cortar, ranger. até romper.

encontrar. romper de novo, até chorar até secar até passar do ponto. desesperar, cortar os pulsos, cortar, gritar, chorar, morrer...partir, sumir.

evaporar, virar pó no meio da rua. morrer de dia em plena avenida paulista.

amou daquela vez
como se fosse a última
19 de agosto, quinta feira












uma coisa assim solta
tô na estrada longa de sol caminhões nuvens e árvores engraçadas tô perto do Rio tô ouvindo caetano tô voltando amor eu sei que você não é meu amor e sei também que você vai se assustar com essa palavra mas quero te chamar de amor agora e tem que ser agora e talvez seja só agora um amor inventado o nosso amor a gente inventa pra se distrair será eu gosto de me distrair com você foi você que eu escolhi pra me distrair ou fui escolhida por ti o que veio primeiro o ovo ou a galinha o meu desejo ou o seu só sei que o amor é o maior dos mistérios tenho saudade dos seus olhos fechados e da sua cara séria mas tenho mais saudade ainda dos seus olhos me encarando 1 2 3 4 5 infinitos segundos até eu virar o rosto queimado saudades dos seus joelhos sobre os pés e suas mãos sobre o seu coração
17 de agosto, terça feira










dei meu coração


agora
ele pertence
a esse bando
de malucos

família dzi croquettes
viver é isso, obrigada



e isso é pra sempre, profundo respeito
domingo, 13h53







passei o dia com teu céu
lá fora choveu
em mim fez sol
alice ruiz
sexta, 16h08







você chegou de viagem e me ligou correndo
pior não me ligou correndo veio pra cá correndo sem saber endereço número do apartamento

fechou o olho e foi guiado pelo instinto pelo faro

e foi essa sua porção bicho que te trouxe pra cá

que nem gato que sabe onde tem comida e aparece quando tem

fome você sabe que aqui tem comida roupa lavada lençol perfumado

tem flor cheirinho e coisinhas de mulher-mulherzinha que eu sou faço o tipo sou sua

mulherzinha só sua de mais ninguém

e você sabe que é um jogo e finge que acredita faço comida

e te espero de banho tomado ouvindo beatles toalha na cabeça

então você veio correndo

desceu a rua augusta e virou na franca de olhos vendados sentindo meu cheiro pela

janela que deixei aberta pra

te guiar o porteiro te viu e abriu a porta nem pediu a senha porque a senha estava escrita
na sua testa estampada na cara

tava na cara que seu lugar seu destino
final era essa casa

a rua toda já sabia desse dia desse momento todo mundo esperando

então você entrou
aqui nessa casa que você nem conhece

com uma venda nos olhos e foi tateando a cadeira encontrou um pufe no meio do caminho caiu
riu levantou

achou o sofá sentou insatisfeito e foi me procurar na cozinha sentiu o cheiro do molho do macarrão ficou satisfeito

mas nem tanto eu não estava na cozinha voltou


pra sala tropeçou na mesa tateou a mesa encontrou uma coisa em cima da mesa

uma coisa quente
em cima da mesa

tateou cheirou apertou achou achou achou o que queria

em cima da mesa
uma coisa quente

eu estava aqui o tempo todo





você chegou de viagem tateou cheirou apertou achou foi fácil

sexta, 2h15



o que quer que exista
só existe no giro



quarta, 19h57





cabeça aqui














pé lá na mala

pelado o coração também viaja
14 de julho quarta 9h26







fim dos dias

tantos outonos

janela que se abre voa o que tem dentro

14 de julho quarta 1h36






a travessia vem aí

cair no mar ser pirata sem atamento tratamento medicamento só desabamento sem lamento cair no mar e não ser sereia ser pirata pilantra ladrão de meia tigela em cima da magrela quando for pra areia ser pirata ser ira ser pira até na mata atrás da moita

14 de julho quarta 1h00




















arranhar, destroçar, cortar em pedaços, destroçar, roer os ossos, lamber os ossos. destroçar até te tornar invisível. virar pó. poeira solta no meio da avenida floresta paulista selvagem . você poeira, confundindo a multidão com a poluição das motos, motores e máquinas. você poeira no olho do mendigo. você que gruda no cabelo da menina que atravessa a rua. você na calçada, poeirinha de nada que cola no asfalto, no calçado do homem de paletó. você que vem na minha boca de novo, eu que ando de boca aberta distraída. você poeira na minha garganta seca de sede de fome de vício de nada vício de instinto vida selvagem animal. você na minha boca vegetariana e mentirosa. você na minha boca que convence e mente. você, quer vir na minha boca que eu sei. e você vem e eu deixo. olha o bocão que eu faço pra te receber. boca aberta pra te consumir, esse você que eu criei, minha cria minha, hoje o lobo mau não é você. sou.

13 de julho terça 19h04












onde esconde seus disfarces tantas faces tantos seus que são meus todos






um brinde e uma caída de queixo

e no jantar, no meio da torta de batata, nada mais banal e comum que uma torta de batata, e sim, acredite se quiser, no meio da torta de batata acho um bilhete:"um grito que alarmou a todos". o grito contido, abafado, engordurado de manteiga, cheio de camadas. o grito dela. só podia ser. o grito da clarice... então sabe o que eu fiz? tirei o papel, grudei no champanhe e tomei seu grito pra mim. de gole em gole. descendo pela garganta e se instalando no meio do peito. pronto. tá aqui ó. agora ele mora aqui dentro. tá bem guardado.

sim, acredite se quiser, esse champanhe é meu, esse papelzinho veio na minha torta de batata. do tipo de coisa que a gente só acredita vivendo. eu vivi. acredite.


um gole e uma nova caída





então, depois dos goles do seu grito, depois de beber ele todo, o meu suco mudou de cor. já não saberia dizer qual era o sabor dele. tudo mudou de tom e sabor. fiquei destemperada. ou temperada por demais. já não sei dizer se é o suco, ou o contato com a minha boca que fez ele ficar assim. e juro, esse suco é meu, esse champanhe é meu e esse papelzinho veio na minha torta de batata. acredite se quiser.
sábado 10 de julho 10h11





atravessando o túnel


teu deserto
me atravessa





poeira ao vento


nem bem veio
ficou dentro

alice ruiz

quarta 7 de julho 8h46











dá choque

choca
chacoalha


malha
molha


mata
até


no ato
ata-me

6 de julho terça 18h46






eu gosto muito das manhãs-madrugadas. o dia amanhecendo me chama, vem aqui adelita, vem ver pela janela a cidade se descortinando, a cidade que andava apagada pela noite e que agora não tem mais como se esconder. luz nela. foco na vida, céu abrindo, e o silêncio dá lugar pros pássaros cantarem.



é a manhã, manhã fria que eu observo feito fantasma com um cobertor nas costas. é a manhã que me chama pra ver esse mundão nu, sem defesa, sem escolha, sem esconderijo. é o que é. e é bonito. meu pai amava as manhãs-madrugadas. eu acordava pra ir ao colégio cedinho e lá estava ele com a mesa do café pronta, sentado na sua mesa dizendo: cheguei ao fim do meu livro. ele sempre começava um livro ainda no escuro, e o desfecho era dado quando a manhã se anunciava pelas frestas.


é sempre mais um forma de começar. pronto. podemos começar agora, do zero, porque amanheceu, é um novo dia, mil e uma possibilidades. podemos começar meu amor, tudo de novo. acordo sempre com fome. acordo com vontade de unir corpos. acordo com sede. acordo com vontade. acordo cheia de tesão. tudo pra mim funciona nessa luz inicial do dia.



é o terceiro sinal que eu escuto da coxia. é o momento de se jogar, de novo, nova, com mil e uma possibilidades de fazer diferente, reinventada. é a manhã que entra aqui dentro. respiro. suspiro. ai. bom dia. dia bom. há de ser!

6 julho terça 6h45


quando a noite a lua mansa

e a gente dança venerando a noite


cuida bem da tua forma de ser
amanhã o dia vai ser
diferente de outro dia




fim da tarde a terra cora

e a gente chora porque finda a tarde


hoje você me veio tão forte. você, sua amizade, e meu drama do passado. as duas coisas juntas, de mãos dadas. lembro quando te perguntei: - e agora, o que que eu faço com ele aqui dentro? você me disse sorrindo, seu sorriso de fada e olhos de leão:

desfaça-o em mil pedacinhos
jogue-o no mar

vá até a janela com ele
picotadinho nas mãos

deixe-o voar
pelos quatro cantos do mundo




e hoje, a sensação é que um pedacinho dele grudou no meu cabelo, feito folha que cai entre o verão e o inverno.
1 julho quinta, 22h45




uma situação ordinária,



que passa a ser extraordinária

desafiados:
Fê, Rita e eu

o plano:
uma mala de mão, cheia de flores desenhadas, linda e antiga, meio rasgando
coloquei alguns objetos dentro dela
um pôster do filme do Lennon
uma caixinha de música giratória
bexigas brancas
um massageador
uma tiara de antenas em formato de estrela
2 máscaras de lantejoulas - uma vermelha e outra dourada
uma máscara de dormir, que tem dois olhos abertos desenhados
o livro grapefruit da yoko
um baralho dos beatles
um vestido branco de mangas gigantes, de um metro

o encontro:
10 e meia da manhã, na virgílio de carvalho
o Fê tinha uma coca cola que dança quando a gente fala perto dela
a Rita tinha uns copos que com água desproporcionais faziam música

a estratégia:
abrimos a mala
pegamos o baralho,
pegamos o livro da yoko

a ação:
jogamos cartas, ordinariamente - tapão,
quem ganhava abria o livro e lia em voz alta uma instrução da yoko,
os outros dois tinham que agir de acordo com a ordem sugerida pelo livro,
extraordinarimente




e eu passaria a minha vida toda jogando esse jogo
chamaria todo mundo pra brincar, o mundo inteiro pra brincar comigo
eu passaria a minha vida toda sendo guiada pela viúva
eu queria um baralho sem fim e instruções eternas da yoko
e se eu inventasse uma religião, o grapefruit seria a bíblia



















outra chance súbita de felicidade





diga-me onde sua liberdade repousa, eu escreverei um bilhete



liberte-me das razões


antes de você cair na inconsciência, eu gostaria de ter mais um beijo









música para embalar seus sonhos

é fácil:
dois encontros, duas vogais
dizem tudo, dizem mais




o a junta com o i
e forma o ai

e no refrão cantamos juntos:
ai,ai,ai.

26 de junho, sáb 17h03







eu olhei pra Lia
ela olhou pra mim,

e logo olhou pra baixo, pra si, para o corpo,
na altura do coração

com as mãos esticou sua própria camiseta, preta,
de um modo que eu pudesse ver o que estava escrito:

"o coração mistura amores. tudo cabe."

silenciamos,
agora, olhos nos olhos



no são cristóvão, aniversário da Helena

sexta 19h18





sua lente me procura,
e me acha nua na rede

sua lente sabe exatamente quando meu coração desaba
e pula pra fora dos olhos,








o pulso ainda pulsa, o corpo ainda é pouco



atravessamento

teve a presença da lia e sua risada catártica, a sofia no meu colo e nossa nudez, meu amor e admiração desabrochando cada vez mais pelo bijou e recebendo todo esse amor de volta, o tom dividindo a canga comigo, o miguel e seu ponto de vista genial, a beleza da bel, o galo o gongom e o nosso fernet e a nossa ligação que foi pra outra esfera. pílulas infinitas de amor. miguel alimentando nossos corpos e corações. olhos profundos de girinoco. teve isso tudo e outras coisas também. então eu cheguei em sp, e teve a minha cena, tirar todas as roupas do meu pai da mala, mexer no passado, se preparar para o futuro. teve isso também. teve estrelinha no meu caderno que o tomas colocou. aí teve o divã, a simone e o respiro. e depois a line no japonês que desandou a falar sobre nossa infância, sobre nossos carmas, nossas admirações e invejas. aí teve o aniversário da helena que eu tava morrendo de saudades, abracei tão forte essa minha amiga e quis tanto que ela soubesse o quanto que eu amo ela e sinto falta, maldita folha de são paulo que faz com que ela trabalhe tanto! teve ainda o recado da mamãe, o choro dela no domingo e o meu desabamento. mas então teve o outro recado dela dizendo que tava muito feliz, que me ama muito e conversamos telepaticamente. teve o guincho, ainda voltamos de guincho de camburi! e teve essa troca louca de emails e confissões com a minha irmã. e choro rindo lendo nossas cartas. aguenta coração. e isso é só o começo.
quarta, 23 de junho 9h00





mas aquela curva aberta, aquela coisa certa



um quê de dadá



foi longe pra nunca mais voltar

porque é necessário escrever um texto sobre tudo o que se passou e esse texto começaria de uma maneira incrível no meio teria toda uma história fantástica mágica e terminaria de um modo inexplicável como os dois pontos do Livro dos Prazeres ou então uma travessão vazia para a vida completar seria um texto que abriria as portas assim como me senti lá aqui nesse sábado portas que nunca mais se fecharão preciso de palavras para descrever sensações incríveis preciso é necessário colocar pra fora e eu nem sei por onde começar talvez não tenha começo nem meio nem fim seria uma performance isso uma performance não é mais um texto é um happenning acontecimento aconteceu é ação não é palavra e então eu mexeria o corpo de uma maneira fantástica incrível sem começo meio e fim furaria o chão com meus pés ao mesmo tempo que levitaria isso tudo ao mesmo tempo tudo junto omeletão na frigideira do mundo girando para lá e pra cá me sentindo queimada tostada e finalmente gratinada então eu seria a comida do mundo e serviria mil pratos invisíveis para bocas famintas pela eternidade comeríamos seríamos comidos devorados destroçados pra cima pra baixo para os lados e então sumiríamos sim sumiríamos e não haveria mais tempo espaço e direção todas as estrelas do céu caberiam na palma da sua mão direita sente as cócegas que ela faz na sua delicada mão sente pode sentir podemos podemos tudo eu vos amo pessoas eu vos amo odeio sinto raiva tesão e grunho feito animal desesperado somos animais loucos não somos vc vê a minha cara e consegue enxergar o monstro que sou o horror todo consegue sim eu sei que sim tem paz e tem guerra tudo junto no mesmo lado da moeda não tem mais sim e não tudo virou uma coisa só cara e coroa se fundiram a gente pegou fogo e se banhou na cachoeira universal ao mesmo tempo entramos de cabeça no vulcão somos um bando de hippies loucos agora a gente foi na essência e não bebeu em goles nadou nadou nadou eu tô muito louca e escrevo sem parar sem parar o texto a ação a performance o acontecimento happening sem parar não consigo parar é é é e pronto foi e agora é pra sempre feito tatuagem cravada na pele de bicho feito deus e o diabo na terra do sol com piece and love e george harisson no repeat do ipod foi assim mais ou menos assim


foi mais ou menos assim, foi assim mais e menos
22 de junho terça 8h55






maravilha vixe maria mãe de deus






um dia a Lia me descreveu, e eu chorei

Tô dentro, tô fora, tô dentro, tô fora. Aí entro com tudo.
Tenho tristezas, mas vivo de amor. A ele eu escrevo, performo, eu o leio.

Visto figurino e danço até raiar o sol, ou durmo e sonho em silêncio. Eu sou muitos verbos, em muitas conjugações.

Sou forte, sou linda. Não deixo passar, quero saber de tudo. O tanto é tão pouco, sempre quero mais! Ou então não quero nada. Tenho tristezas, mas vivo o amor. Eu sou coração e balanço, pai, mãe, irmãs, namorada. Sou amiga. Sou sorriso, olhar doído e colorido. Sou atriz na minha vida. Vida não tem sinônimos, tem laços, tem curvas e eu sou a estrada. Clarice; sou isso.


"Quero lonjuras. Minha selvagem intuição de mim mesma. Mas o meu principal está sempre escondido. Sou implícita(...)"- Sou Água Viva.
Tenho em mãos meu próprio mundo, mas gosto de dividí-lo. Gosto de sentir e ser; gosto de amar. Quase não caibo em mim. Eu sou Adelita.


quarta 16 de junho 10h58








olha pro céu meu amor,

antes que passe









11.01.2008, rio de janeiro



havia um único fósforo na caixinha. ele apostou no risco (riscou). aquele único e solitário pedacinho de madeira ardeu em chamas.

queimou seu dedo pequeno, delicado, porém firme e cheio de intenção. fazia tempo que não sentia dor. mas não era exatamente dor aquilo. intuitivo, logo percebeu que era algo maior e mais difícil de explicar.

poderia ter algo maior que a dor? poderia. e veio então o susto (susto de amor?)

quando se vive algo grande, tão grande que não cabe no corpo, é preciso compartilhar.
era necessário fazer com que a menina ardesse também.

mas agora não dava para ser só o dedinho. ele queria o dedo, as mãos, os braços, o peito, o quadril, pernas e pés. queria o músculo involuntário que pulsa.


ela se debateu. em vão. apesar do medo, era fascinada por luzinhas, e nunca tinha visto um fogo assim tão de perto, chama quente estalando, pedindo, ou melhor: ordenando que a queimasse também.

costumava ouvir sua voz interna que dessa vez lhe disse
"pode doer, mas vai valer a pena". viu que não tinha escolha. consentiu.


e o fogo subiu. pegou fogo, muito fogo. os corpos, a casa, a rua, a avenida, a cidade. não havia mais controle. é preciso coragem para viver grandes coisas. e nenhum dos dois se satisfaria com pouco.

e quem via de fora, aquela brasa toda queimando, se fascinava, queria para si. e quem (vi)via de dentro (ele e ela), aquela brasa toda queimando, agradecia. meu deus, isso sim é vida.



(isso parece um sonho.
não, não é. a realidade é que é inacreditável)












exatos são teus olhos,
que invadem
terça 15 de junho 7h26







foi assim agora:
pensei de olhos fechados

abri os olhos, nada.
fechei os olhos, tudo.

abri, fechei, abri, fechei.

repeti essa ação por 36 minutos na madrugada até cair dura na cama.

suspirei 10 vezes em alto e bom som.



tomei um copo de água no escuro,
segurei firme o copo transparente com as duas mãos geladas

ouvi a canção que se fez dentro de mim

glub, glub, glub
pensei nos beatles

canções alucinógenas fizeram efeito no meu estômago


dancei deitada um frenético passo a passo comigo mesma

um pra lá, dois pra cá
dois pra cá, um pra lá

7 mil piruetas saindo do chão

suei mentalmente durante 1hora e meia
cabelo molhado grudado na testa

perdi 3 kilos de adelita
e fui ficando quase invisível, um nada



para os pássaros noturnos levantarem vôo em madrugadas geladas









qual era seu sonho de criança?


essa foi a primeira frase que eu achei. recortei. cola, tesoura, revistas, tudo em cima da cama. bagunça. tirinhas, palavras, cores, formas, imagens. tudo separado, tudo junto. o dedo cheio de cola gruda na tesoura e não quer largar mais. uma palavra solta cola por vontade própria no travesseiro. é a manifestação do acaso.


reviver essa tarefa que eu fazia quando criança. reviver por pura inspiração de me sentir borbulhando por dentro.


os sonhadores. eu, você, nós. essa frase, achada no cantinho da revista, com a imagem do filme do Bertolucci que encerrou minha colagem. fim.


sábado, 12 de junho, 11h19




o tempo rodou num instante



tanta coisa acontecendo de uma vez. juntinho. meu coração amanheceu pegando fogo. é o amor que me emociona, é a paixão que me dá frio no estômago. é o trabalho que mexe com a minha cabeça, é a pesquisa no Noir e as aulas do Tom que reviram meus sentimentos mais profundos. é a análise que me faz olhar de frente, botar o pé no desacelerador, pensar, refletir, questionar os atos impulsivos que são tantos.

mentira, já não sou tão impulsiva. o problema está no coração que amanhece quase sempre pegando fogo.
ah, me sinto uma adolescente! devo ter uma idade mental de 15 anos, devo sofrer de algum distúrbio peter pan.


só pode ser. tô pensando. tô provocando. sonho, acordo. sonho acordada. me sinto viva. gosto assim. junho, mês bom, ano louco. demorou pra engatar. sem pai, sem Guru, de luto, sem vontade de viver. de repente, a vida, a vontade, mil vontades, os desejos, as descobertas, o mundo como um mistério tão delícia de ser decifrado, desbravado.

vida, aqui estou. você tem olhado pra mim, me convidado todo dia pra participar. tô me esbaldando. tô montando em cima! quero continuar assim, não quero ver essa roda gigante girar, tô gostando do ventinho aqui de cima vida.


sei que não dá pra dar um pause, sei que não posso permanecer pra sempre aqui de cima, mas na hora que você quiser fazer meu carrinho descer, aperte bem o meu cinto. as montanhas são lindas aqui de cima, vida. as pessoas também.

tá fresco aqui, tô me sentindo uma adolescente descobrindo o amor pela primeira vez. borboletas na barriga e papel de carta no colo pra bilhetes apaixonados.
vida, não quero pensar em problemas! só quero sentir essa brisinha, aqui. deixa vai. deixa eu ter de novo 15 anos?
vou ficar assim mais um pouquinho, tá?




e não me venha com culpas e cobranças, agora não. estamos em junho, e a brisa é boa. quando descer, vida, quando essa roda gigante girar eu vou aceitar sim, tudo bem, faz parte. mas agora eu não quero nem pensar nisso, nem me deixe pensar. deixa eu curtir o passeio.

um beijo, vidona, valeu sua malucona. gosto muito de você. eu piro em você.
tô apaixonada por você tb minha vida amada. vou escrever no papel de carta sobre ti.esse texto é pra você com todo o meu coração. pegando fogo.
sábado 12 de junho 7h28






sim, você sabe de mim.








3h08


acender os olhos
abrir a luz
3 acordados no apartamento apertado

adelita, ulisses e lóri

adelita pensa sobre fidelidade
adelita pensa sobre a falta de sono
adelita pensa sobre si mesma
adelita se perde

adelita pensa: gatos sãos fiéis

adelita quer voltar a dormir
adelita sonha, sonha bastante
adelita se sente uma adolescente boba
adelita regride

quinta 10 junho, 3h14







1,2,3,4,5 segundos
de sustentação do seu olhar
1,2,3,4,5 mil coisas
extraordinárias
imaginárias
diferentes ao mesmo tempo









para sua fuga perfeita, fez um buraco na terra, caiu


perdeu-se no meio do mato sem previsão de placa de saída, gostou














por você eu ia
onde o cavalo olhava
por mim eu cavalgava

apagar o abajur

dormir um pouco
abrir os olhos
sair da cama
tomar banho frio
comer granola
esquecer a luz acesa
comida para os gatos
janela aberta para entrar vento
ir para a rua augusta
ouvir beatles
passar frio
apertar o passo
táxi
club noir
um beijo de bom dia
desaceleração
me emocionar
chorar
rir
chorar
falar o texto da clarice
lembrar do papai
chorar
rir
chorar
receber um telefonema
ficar feliz
comer no quilo com a fê
táxi
vila olímpia
me emburrar
ver passar a tarde pela janela
ver passar a tarde pela janela do computador
itaim
deitar no divã
chorar
rir
chorar
sonhar
questionar
divagar
comer um pão de queijo no franz
oi, tchau, boa noite meninas do franz
vila madalena
helena, carô, guto e quem mais quiser
são cristóvão
a noite
a madrugada
o sono
fim do dia
hoje, só amanhã
08 junho terça, 8h06




perto do alvo

longe de mim

a idéia de atirar


Alice Ruiz
terça, 7h05 am








atirar perto de mim a idéia de




Before you go to sleep

Say a little prayer
Close your eyes
Have no fear
The monster's gone
He's on the run and your daddy's here
3 e meia, durmo ouvindo você...


Every day in every way
It's getting better and better










terreno fértil. adubada para plantio e cultivo. pronta. está.













sou sol aqui dentro, solidão que nada









uma carta de amor da papi


tira o meu silêncio
é com você, minha amiga, que eu me abro, que me revelo como muitas vezes não me revelo pra ninguém. e não é porque você é a minha alma gêmea ou coisa que o valha; é porque você não me condena, não me critica, não me reprime. me deixa à vontade. me acompanha nas danças (e não nos bares, mas tudo bem, eu te perdôo). você não me analisa como um rótulo de remédio, você me escuta e eu te escuto. trocamos nossas confidências como se trocássemos de roupa: ficamos nuas, as duas, transparentes. você me tira aqueles segredos que eu mesma nem conheço. não tenho medo do que você pensa: sei que posso confiar na sua voz que não canta (porque você gritou isso hoje, no meio da aula, sua maluca! e eu adorei). um acalanto, essa coisinha.


06 junho, domingo 14h4





só consigo desenhar feito criança
o jeito de expressar o tal do amor



05 junho, sábado 22h08





de duas, uma: ou eu coloquei na cabeça e desceu pro coração,


ou nasceu no coração, subiu e agora não me sai da cabeça
03 junho, quinta 9h00









o olho enxerga o que deseja e o que não

tilt. deu tilt. só pode ser alguma peça fora do lugar. alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem que eu criei pra mim, no meu ideal. e de repente uma pecinha teimou em falhar, um parafuso entortou e a mecânica geral falhou. ou então foi feitiço. é isso. talvez tenha mais a ver com o lado sutil, talvez seja. talvez seja da ordem do inominável, do invisível, dos astros, dos búzios, dos signos. dos orixás, da combinação de planetas, do retorno de saturno, da merda da lua cheia. o feitiço virou contra a feiticeira. tira-me o sono. me deixa num estado de alerta. talvez eu seja mesma viciada nesse estado de suspensão. já dizia minha analista: o seu vício Adelita, é o estado que a paixão te causa. estudos relacionados a comportamentos apontam altas taxas de feniletilamina no cérebro de um indivíduo que está apaixonado. a alta taxa de feniletilamina estimula a produção de substâncias relacionadas a sensação de bem-estar com mecanismos de ação parecidos com anfetaminas. está associada também às sensações da paixão uma alta taxa de serotonina, substância química encontrada em grande número em chocolates e abacaxis. então seria isso Simone? ou são os astros, os búzios, os signos, os budas, os orixás, a combinação de planetas, o retorno de saturno, vênus em cima de mim? ou são os parafusos que entortaram? ou simplesmente um destino de corpos que devem se encontrar? tilt. só pode ser tilt. entiltei por aqui, viu. culpa sua. ou dos astros? do destino? de vênus na minha cola? de saturno me cobrando? do cupido delinquente? ah, meu deus.
quarta, 2 de junho 10h21







me mira mas me erra no escuro



um dia eu escrevi assim
dorme aqui ao lado e eu acordada desde as 8. você fala e me tira a palavra. o que fazia todo sentido antes da fala, se perde. você me tira a palavra. e o silêncio e seus olhos me acalmam. junto com a sua respiração pesada e seu pijama vermelho. acelerada. acelerada e sem paciência é essa adelita que me parece na maior parte do tempo. longe quando simplesmente tá tão perto, tão perto que não consegue ver. se ver, nos. ver. ver a ver dade que o que tem aqui, entre o pijama vermelho e o azul marinho é maior que meus anseios, medos, vontades, desejos. neuroses talvez. você me machucou, você sabe. eu te machuquei, eu sei. me arrependi, mas explodi. explodi e agora o silêncio. o silêncio, o teclado, a sua respiração, a minha cabeça, o meu amor por você e o nosso. amor. tudo aqui. você terra, eu ar. você dorme, eu acordo. você homem, eu mulher. eu dia, você noite. noite de lua cheia ontem. não gosto de brigar com você. eu gosto do dia seguinte da briga com você. gosto até do meio, adoro te ver falar , cuspir seus argumentos, e no meio do temporal te sentir tão perto, tão presente e rir por dentro, te admirar no meu silêncio.sem palavras, perdida, sem foco, te toco. você me tira a palavra e me faz segurar sua mão. você homem, eu mulher. você terra, eu ar. e pelo nosso amor que como você disse, nem sabe de onde vem de tão profundo que é, ter paciência e esperar passar. fases. ontem foi lua cheia. fases. você me tira a palavra ------
domingo, 30 de maio 10h57





toc,toc,toc. Sim, pode entrar felicidade.






Big bang baby,
it's a crash, crash, crash


mira, atira
leva a boca, assopra






quando anoiteceu
quem acendeu fui eu




na noite de lua cheia
meu segredo mudou de casa



zoológico, ilógico, logo sou

abandono. abandono do escrever para viver, do pensar para agir, do tentar para ser. quero tanto ser e de tanto querer, enfim chegar a algum lugar. um lugar de queda livre, sem fim, enfim, em mim. tô aqui em mim e agora não sei muito o que fazer com todas essas descobertas. minha analista me encorajou dizendo: - aqui onde você chegou, poucos chegam. hoje é um dia muito importante pra você. essa descoberta de si, assim, é muito corajosa. isso faz mais de uma semana. e então eu me calei. me calei aqui, me calei com os outros, porque aqui dentro tudo grita. grita. grita. e eu abraço, aceito, aceito. vem monstro, pode vir, pode sair, pode comandar. vem, vem, você tanto que eu reprimi. vem, eu tô te alimentando timidamente faz um tempinho, atrás das grades, mas agora eu cansei de te manter preso, quero te libertar. vai. solto nas ruas.


Você, que está em casa um conselho vou dar
Feche as janelas, tranque bem o portão
Pois num dado momento sem ninguém esperar

Pode aparecer o tal leão

terça, 25 de maio, 19h49








eu tenho um amor guardado para um dia de seca inundar a porta da sua casa

eu o rego na memória, silenciosa e conservo-o molhado dentro de mim

no começo da madrugada, sem avisar, ele derrama-se assim na minha cama
eu fico só, com ele espalhado por aqui, fanfarrão

bagunçando meu lar, meu lençol, meu presente, coração
só me resta esperar esse carnaval todo passar

ele toureiro, eu flor no cabelo
nós dois no salão, puro furacão


seja do jeito que for, seja o que Deus quiser
te encontro no ano que vem da maneira que você me quer














a surpresa estava lá piscando no meu msn
senti frio, calor, vontade de chorar, de rir, culpa, compaixão, amor e principalmente amor. o amor foi a luzinha piscando pra mim toda hora que você escrevia alguma coisa. mesmo quando você falou "a leoa resolveu aparecer". eu também me sinto leoa, e vc sabe. talvez por isso que a gente se identifica tanto, porque existe a necessidade de equilibrar essa leoa que mora dentro da gente e ser mansa ao mesmo tempo, feito gato manhoso. até dizem que somos irmãs. a gente ri disso. e a gente gosta. mas hoje foi preciso um afastamento de bairros (você deitadinha no seu quarto da Vila Madalena, eu fazendo hora no trabalho na Vila Olimpia), uma tela fria de computador que nos proteja, um espaço mútuo no fim do dia, uma combinação de coisas e sensações para nos conectarmos. re-conectarmos. pra gente urrar,pros leões saírem. tava na hora. o meu leão já tava achando que era gato. o seu tava berrando aí do outro lado. tava na hora de juntar os gritos. e de repente eu estava aí no quarto com você. te vi, mais que todos os dias, bons dias, bons almoços, me passa o suco, boas noites. te vi diferente e me emocionei. tô aqui. presente. e esse é pra você, que me lê em segredo e me faz feliz pelo simples fato de existir.







quero te contar um segredo:




eu sou uma pessoa má, eu menti pra você


talvez o tempo possa me livrar da culpa
que eu não sei se vem de mim ou da cruz de jesus








É sempre uma festa.
É o momento de andar a pé pelo centro da cidade e misturar-se aos bêbados, loucos e fanfarrões de plantão. Pegar o metrô de madrugada e cruzar os amigos, conhecidos, desconhecidos e trocar informações sobre o show que vai acontecer logo ali, na estação da Luz. Ou então entrar na Pinacoteca e se perder entre quadros e instalações. Sair de lá e ver a cidade pegando fogo, olhar no relógio marcando 3 horas da madrugada e sentir-se feliz, porque ainda tem a noite inteira, a manhã e mais um pouco para você aproveitar. É a momento de colocar o tênis, tomar um energizante e sair por aí sem hora pra voltar para casa. Eu adoro! Sempre encontro os amigos perdidos, os conhecidos e até aqueles que a gente conhece só de vista e nesse dia a gente se cumprimenta. Tá todo mundo fora de casa, nas ruas do centro, nas beiradas, nas encruzilhadas, nas esquinas. Tá todo mundo junto, na mesma, comendo da mesma pipoca. E nesse final de semana todo mundo é igual. Eu, você e o bêbado que mora na praça da Sé. Tudo bem, vale apenas por alguns instantes, mas a gente se olha e canta junto o mesmo refrão da música.... e isso vale. Vale bastante. Pra mim e pra ele. E quem sabe a gente se cruza no próximo ano?
É por essas e outras que eu amo a Virada Cultural.
http://viradacultural.org/programacao

quinta, 13 de março 16h40



porque eu só sei falar de amor, só isso me interessa mesmo, cada vez mais, o resto é blábláblá


lennon e yoko, meu casal preferido


And we all shine on
Like the moon and the stars and the sun
Well, we all shine on
Everyone, c'mon

ele sempre vem gritar na minha orelha
me faz acreditar nesse mundo lennon
te escuto sem parar, meu herói, meu super man
de você nunca me canso,
tô contigo, it's up to you, oh yeah!









Quem sou eu

Minha foto
eu ia te contar alguma coisa, mas já me esqueci
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